22 agosto, 2025
sexta-feira, 22 agosto, 2025

Enfim, juíza: os desafios de uma mulher e mãe em busca da toga

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A juíza Thais de Carvalho Kronemberger

Desde a infância, carregava em meu coração o sonho de ser “doutora”. Influenciada por minha mãe e minha tia, mulheres lutadoras que ensinavam que a educação era nossa maior herança. Com esse ideal, segui a vida acadêmica, trabalhando para conquistar minha independência financeira, até que percebi que o caminho da advocacia não me satisfazia.

Meu despertar para a magistratura se deu no setor de conciliação. Participando de mutirões pelo Brasil, conheci as rotinas dos juízes e me apaixonei pelo poder transformador das decisões judiciais. Emocionava-me ver como aquelas posturas podiam impactar vidas, e foi ali que soube: era esse o meu destino.

Aos 27 anos, tomei uma decisão arrojada: deixei meu emprego para me dedicar inteiramente aos estudos. Iniciei minha jornada como concurseira em 2015, com a meta audaciosa de estar togada aos 30 anos. A estrada, no entanto, não foi fácil; enfrentei reprovações e crises profundas de dúvida, me questionando se deveria continuar.

Em meio a essa tumultuada jornada, a Bahia se apresentou como um divisor de águas. Ao pisar em Salvador, senti uma conexão inexplicável. A música “Ah que bom você chegou, bem-vindo a Salvador” parecia um chamado do destino, como se a cidade estivesse me acolhendo de braços abertos.

Fui aprovada na primeira fase do concurso, mas logo o processo foi suspenso e refeito. A ansiedade aumentou quando descobri que estava grávida durante esse período crucial. Mesmo assim, viajei para Salvador, determinada, enfrentando a prova oral com a confiança e o desafio de ser uma futura mãe.

A vida deu uma reviravolta quando meu filho nasceu durante a espera do resultado do concurso. O parto foi complicado, e meu bebê precisou de cuidados especiais na UTI. Aquela experiência me transformou para sempre. Percebi que, enquanto renascia como mãe, também enfrentava um novo desafio: o puerpério coincidia com o fim do meu casamento, me tornando mãe solo em uma das fases mais desafiadoras da minha vida.

Ao olhar para o futuro, encontrei na docência uma luz. Fui acolhida em um curso onde atualmente leciono. Gradualmente, comecei a me reerguer, conquistando independência financeira e reacendendo minha luta pelo sonho da magistratura.

Após anos de angústia, a tão esperada nomeação para o cargo de juíza do TJBA finalmente chegou. O dia da posse foi indescritível, cercada pelas pessoas que amo, especialmente minha mãe e minha tia. Hoje, acordo todos os dias com a certeza de que estou onde sempre sonhei, criando meu filho em um lar seguro e honrando a toga que conquistei com tanta luta.

A Bahia se tornou meu lar e o Tribunal de Justiça da Bahia, o lugar onde realizo meus maiores sonhos. Com a magistratura nas mãos, tenho a capacidade de transformar vidas e, diariamente, busco honrar essa escolha que carrego com amor e empenho.

Esta é apenas uma breve síntese da minha jornada. Para quem deseja se aprofundar, convido vocês a conhecerem a história completa no meu livro “Magistrada: a justiça na ótica delas”, que escrevi com carinho e dedicação.

Agora, quero ouvir de vocês! Compartilhem suas experiências e sonhos nos comentários. Vamos juntos construir um espaço de inspiração e força!

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