
Desde o lançamento de Homem com H na Netflix, a trajetória de Ney Matogrosso ressurgiu sob os holofotes, revelando facetas emocionantes e pouco conhecidas de sua vida. Um episódio marcante ocorreu no final dos anos 1960, quando, após dois anos imerso em Brasília, o artista se viu obrigado a tomar uma decisão arrasadora: deixar a cidade que se tornara seu refúgio e retornar ao Rio de Janeiro.
Durante seu tempo na capital federal, Ney dedicou-se à ala infantil do Hospital de Base, onde desenvolveu uma relação profundamente afetiva com Luzinete, uma menina de apenas quatro anos, que havia sido gravemente ferida pelos próprios pais. O vínculo entre eles era tão forte que Ney a acompanhou até sua alta médica, um momento que trouxe alegria e tristeza, pois sabia que ela voltaria para um lar perigoso.
Dias após a despedida, Luzinete foi encontrada em condições terríveis: quase morta, em um capinzal e infestado de formigas, após ter sido brutalmente estuprada pelo pai. A dor imensa que Ney sentiu ao saber do que aconteceu a levou a um desejo sombrio: buscar vingança contra o homem que desfigurou a vida da menina. Ele seguiu pistas até descobrir que o criminoso estava foragido em uma das áreas mais vulneráveis da região.
“Quando Luzinete voltou aos seus braços para ser tratada mais uma vez, o tio hippie entendeu que a vida da menina importava mais do que a vingança. Os dois anos de devoção aos pequenos pacientes pareceram breves e o tempo se abriu mais uma vez, tornando a atrair Ney para as fantasias do teatro, o lugar onde tudo dava a impressão de ser imensamente mais suportável”, diz a biografia de Ney Matogrosso.
Com a vida pulsando no Rio de Janeiro e novas oportunidades profissionais à espera, Ney decidiu retornar à cidade conhecida por seu calor e criatividade. Contudo, partia com um aperto no coração, preocupado com o futuro de Luzinete e a possibilidade de que ela voltasse para os braços do pai. Essa incerteza foi a única dor que o acompanhou em sua partida.
Antes de seu envolvimento na ala infantil, Ney trabalhava no Departamento de Cardiologia, mas sentiu-se atraído pelas crianças que, de alguma forma, o encontravam em seu novo visual hippie. Muitas delas estavam em estado terminal, vítimas de violência ou abandono. Ney queria mudar o cenário sombrio que as cercava. Ele fazia questão de usar parte de seu salário para comprar materiais para que as crianças pudessem criar e se expressar, e conseguiu transformar uma sala vazia em um espaço de recriação, cercado por um bosque de eucaliptos.
O artista se dedicava a proporcionar momentos de alegria, levando essas crianças ao zoológico e exigindo mais cuidado dos profissionais ao ver a delicadeza necessária nas interações com pequenos pacientes. Ney sabia que cada instante poderia ser o último, e isso o motivava a lutar para que aquelas vidas fossem valorizadas.
A história emocionante de Ney e Luzinete nos leva a refletir sobre a fragilidade da vida e a importância de cada ato de amor e cuidado. O que você acha que mais pode ser feito para proteger as crianças em situações vulneráveis? Compartilhe suas ideias nos comentários!