19 setembro, 2025
sexta-feira, 19 setembro, 2025

Análise: Centrão dá rasteira em bolsonaristas e mostra quem manda

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Em uma reviravolta política surpreendente, o Centrão, um conglomerado heterogêneo de partidos, reafirmou seu domínio no Congresso Nacional. O foco? A bancada bolsonarista e sua insistência pela anistia a Jair Bolsonaro e outros condenados pelo 8 de Janeiro. O recado foi claro na noite de quinta-feira (18/9), quando Paulinho da Força (Solidariedade-SP), relator da proposta, reuniu-se em São Paulo com os veteranos Michel Temer (MDB) e Aécio Neves (PSDB) para discutir o tema.

Nesse encontro, os antigos caciques, que tinham ficado em segundo plano desde a eleição de Bolsonaro em 2018, enterraram de vez a ideia de uma anistia “ampla, geral e irrestrita”, pela qual a bancada bolsonarista lutava desde 2023. A anistia, agora chamada de “PL da Dosimetria”, refere-se à proposta de redução das penas dos envolvidos. Nas palavras de Temer, isso deve acontecer em um “comum acordo com o Supremo Tribunal Federal e o Executivo, como um pacto republicano”.

Essa movimentação traz à memória tentativas passadas de “acordos” que visavam proteger figuras importantes das investigações da Lava Jato. Em 2016, uma conversa entre o ministro Romero Jucá e Sérgio Machado revelava planos de colocar Temer no lugar de Dilma Rousseff, numa manobra que também incluía o Supremo, além de mencionar Aécio como um dos primeiros a ser atingido pela operação.

Agora, quase uma década depois, o recado do Centrão é diferente: não é contra os petistas, mas uma mensagem clara aos bolsonaristas, que ainda veem Jair Bolsonaro como candidato em 2026, apesar da condenação no STF. Confiando no Centrão, a ala bolsonarista acalmou os ânimos na Câmara, prometendo que a anistia seria votada, mas em troca abandonou a pauta anticorrupção para aprovar a PEC da Blindagem.

Após a aprovação da PEC, que era de interesse do Centrão, o grupo deu um passo ágil e avisou: não haverá anistia, mas sim a “dosimetria” das penas. Isso significa que Bolsonaro seguirá preso enquanto o Centrão se prepara para apoiar a candidatura de Tarcísio de Freitas (Republicanos) nas futuras eleições.

Tarcísio poderia abrir caminho para vários líderes do Centrão: há quem fale de Ciro Nogueira (PP-PI) como vice-presidente e Gilberto Kassab (PSD) como potencial governador de São Paulo. Nesse novo arranjo, o papel de Bolsonaro parece ser o de agradecer pela diminuição da pena e garantir seu lugar em prisão domiciliar, oferecendo apoio e votos para que o Centrão retome a Presidência, desta vez sem um necessário impeachment. A parceria está sendo consolidada, com o Supremo como cúmplice.

O que você pensa sobre essa manobra política? Deixe seu comentário e compartilhe sua visão sobre os próximos passos do cenário político brasileiro!

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