
Em uma visão ousada do futuro do Brasil, artistas negros estão transformando a esfera pública com a exposição Constituinte do Brasil Possível. Essa mostra, que atualmente ocupa espaço no Conselho Nacional de Justiça em Brasília, convida o público a refletir sobre como a Constituição poderia ter sido moldada se a voz da população negra tivesse sido verdadeiramente considerada ao longo de nossa história. Ao todo, 22 artistas contribuem com suas interpretações, abrindo um diálogo crucial sobre inclusão e representatividade.
Depois de estrear no Rio de Janeiro, a curadoria, liderada por Mariana Luiza, encontrou em referências da experiência política africana um pano de fundo poderoso. “Propomos refundar os marcos históricos do constitucionalismo brasileiro, ampliando uma imaginação constitucional que, até hoje, deixou de fora mais da metade de sua população”, afirma Mariana. Esta afirmação ecoa a urgência de uma nova narrativa para o Brasil.
Um dos destaques da exposição é a pintura de Lucius Goyano, que captura um diálogo imaginário entre André Rebouças, um engenheiro e abolicionista, e os artistas João e Arthur Timóteo da Costa. Ele salienta a importância do resgate de símbolos da cultura negra, que acrescentam dignidade a uma história frequentemente marginalizada. “A pintura nos convida a refletir sobre a continuidade do pensamento negro”, destaca Goyano, ressaltando a relevância desses legados na luta antirracista e na arte contemporânea.
Uma jovem artista de apenas 12 anos, Fênix Valentim, também faz parte desse movimento. Usando o tema da reforma agrária, ela provoca uma reflexão sobre a participação da população negra nas terras que deveriam promover justiça social. “Temos muita luta pela frente e muitas coisas para conquistar”, reflete Fênix, lembrando que, apesar das conquistas, as injustiças ainda persistem.
“A arte aqui não é utópica, é concreta”, afirma Mariana, destacando o papel educativo que a arte negra desempenha no atual contexto social.
Essa exposição representa um espaço para reflexão, aprendizado e projeção de um futuro mais justo. Pamella Wyla, outra artista envolvida, enfatiza que a arte tem um papel fundamental na educação. “Pessoas negras fazendo arte, abordando desde o amor até as denúncias de injustiça, é não só importante, mas um direito”, diz Pamella. Apesar de ver algumas demandas como utópicas, ela se mostra determinada: “A luta continua. O que importa é não desistir de buscar a felicidade e liberdade.”
A exposição permanecerá em Brasília até 26 de setembro, mas a curadora e cineasta Mariana Luiza tem planos ambiciosos para o futuro. Entre eles, está a criação de um site que contará com uma edição virtual da exposição, permitindo que seu conteúdo fique acessível a todos. “Assim, conseguiremos expandir nossa mensagem além das galerias e centros culturais”, revela.
A transformação proposta por esta exposição é mais do que artística: é uma chamada à ação por mudança e inclusão. E você, o que pensa sobre esta reflexão? Deixe seu comentário e compartilhe suas ideias sobre a importância da representatividade na construção de um Brasil mais justo.