
O clima entre Eduardo Bolsonaro (PL-SP) e Tarcísio de Freitas (Republicanos) esquentou, especialmente após a divulgação de mensagens que Eduardo enviou ao ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) em um relatório da Polícia Federal. O ponto de ruptura ocorreu na divisão de cargos do governo paulista, no final de 2022, e se intensificou quando Tarcísio se aproximou do mercado financeiro, a famosa turma da Faria Lima.
Em julho deste ano, Eduardo expressou sua insatisfação ao pai, mostrando descontentamento por ter sido deixado de lado nas articulações relacionadas ao impacto das tarifas impostas pelos EUA sobre produtos brasileiros. “Agora ele quer posar de salvador da pátria. Se o sistema enxergar no Tarcísio uma possibilidade de solução, não vão fazer o que estão pressionados a fazer. Uma ‘solução Tarcísio’ vai beneficiar só a Faria Lima”, disparou o deputado.
As mensagens expostas pela PF revelam que Eduardo atuou ativamente nos EUA para desmentir a ideia de que Tarcísio seria o sucessor de Jair Bolsonaro, revelando um intrincado jogo político. Ele se preocupou em “driblar” a percepção de que uma eventual presidência de Tarcísio em 2027 seria garantida, firmando que isso não seria bom para o seu pai ou para o bolsonarismo.
Nos diálogos, a frustração de Eduardo é palpável. Ele não hesitou em criticar Tarcísio por não ter contribuído em nada junto ao STF, alegando que o governador estava mais preocupado em assegurar sua posição para 2026 do que em ajudar Jair. Com uma audiência cada vez maior nos EUA, Eduardo também comentou ironicamente sobre as nomeações no governo, insinuando que o governador estava jogando ao lado do PSol ao não demitir certos secretários.
A tensão remonta já ao início do mandato de Tarcísio em 2023. Após a eleição de 2022, Eduardo fez várias indicações de cargos no governo, mas acabou mal contemplado, com exceção da Secretaria de Políticas para a Mulher, onde sua ex-assessora Sonaira Fernandes ocupou a pasta por pouco tempo. A falta de espaço político para Eduardo gerou um distanciamento ainda maior entre ele e o governador.
Além disso, a falta de concordância em pontos cruciais tem cada vez mais colocado Tarcísio em uma posição delicada frente à base bolsonarista. Mensagens vazadas sugerem que o governador parece mais inclinado a agradar ao mercado financeiro do que a defender interesses mais próximos à militância. Isso levanta a questão: Tarcísio estaria, de fato, tornando-se um candidato da Faria Lima, deslocando-se do núcleo bolsonarista?
As movimentações de Tarcísio nas últimas semanas, onde ele teve ao menos quatro reuniões com o mercado financeiro, indicam uma estratégia de aproximação com esses grupos e o centrão. Para seus aliados, o governador precisa garantir votos antipetistas para uma eventual disputa contra Luiz Inácio Lula da Silva (PT) no próximo ano, porém isso poderia custar sua identidade dentro do bolsonarismo.
Qual a sua opinião sobre essa tensão política? Os laços da Faria Lima estão se tornando uma nova linha de frente no embate pelo poder em São Paulo? Compartilhe suas ideias nos comentários!