
Ao caminhar pela Favela do Moinho, no coração de São Paulo, o que parece ser um lugar vibrante agora reflete um silêncio marcante. Ruas antes cheias de risos e sons de música agora ecoam o lamento da perda. Com mais de 60% das 880 famílias já removidas, o que restou são casas sem portas, janelas e a esperança de muitos.
Essas residências, antes repletas de vida, agora se transformam em espaços marcados pela degradação. A Companhia de Desenvolvimento Habitacional e Urbano (CDHU) realiza a remoção de portas e janelas, e quebra pias para evitar a reocupação. Os entulhos e móveis quebrados permanecem, e antigas moradias se tornaram pontos de descarte de lixo.
Nas vielas, evidências da transformação são visíveis. Enquanto algumas casas estão completamente desabitadas, outras ainda resistem. É o caso de Rose Soares, 27 anos, que aguarda ansiosamente a mudança para a zona leste, onde irá alugar uma casa até que seu novo apartamento fique pronto em 2027. “Nas férias escolares é mais fácil. Eles vão para a nova escola e tudo flui melhor”, compartilha.
Um vizinho, Rogério dos Santos, de 34 anos, também já sabe quando se despedirá do Moinho. Ele e o filho farão a mudança em agosto e, assim como Rose, planejam viver de aluguel temporariamente. Para Rogério, o que antes era um lar agora se torna passado: “Aqui mudou demais. De noite agora é escuro”, reflete ele, lembrando das luzes que antes iluminavam as ruas.
Com a saída das famílias, os sons vibrantes da comunidade agora se misturam ao barulho das obras da CDHU. Os comércios, antes pulsantes, estão fechando suas portas, e o silêncio parece se aproximar. Aqueles que permanecem na favela sentem a iminência do fim, uma questão de tempo até que o último vestígio de vida desapareça.
Entretanto, para muitos moradores, as burocracias ainda são um desafio. Renato Modesto, de 32 anos, viu seu sonho de adquirir um novo lar se esvair diante da espera pela liberação das cartas de crédito. “O proprietário vendeu para outra pessoa enquanto eu esperava. Isso está acontecendo com vários”, desabafa.
A situação da Favela do Moinho é complexa e envolve uma teia de acordos entre os governos local e federal, que se unem para viabilizar a mudança das famílias. A promessa de casas novas de até R$ 250 mil para famílias com renda de até R$ 4,7 mil trouxe um sopro de esperança, mas a realidade é marcada pela incerteza e desafios burocráticos.
Enquanto o estado arca com os custos do reassentamento, uma solução completa ainda parece distante. A expectativa é de que essa situação evolua, trazendo novas mudanças, novas habitações e, quem sabe, novos começos.
E você, o que pensa sobre essa mudança na Favela do Moinho? Compartilhe suas ideias e reflexões nos comentários. Sua voz é importante nessa conversa!