Para muitas mulheres, o sexo após a menopausa não é tão satisfatório quanto costumava ser. Mas será que o fim do ciclo menstrual é realmente o culpado, ou o corpo todo passou por mudanças? É comum que muitas pessoas com vulva apresentem sintomas como secura vaginal, dor em relações sexuais e, em alguns casos, até a perda da libido — todas questões que podem afetar a frequência e o prazer do sexo.
No Dia da Menopausa, a coluna Pouca Vergonha conversou com especialistas para entender como essa fase, tão natural na vida de uma mulher, pode afetar a vida sexual. A ginecologista Paula Fettback explica que a queda dos hormônios, principalmente do estrogênio, reduz a lubrificação e a elasticidade vaginal, o que pode causar dor e queda do desejo, por exemplo.
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O sexo é um dos pilares para uma vida saudável, de acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS)
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Uma vida sexual ativa e saudável tem impacto direto no bem-estar
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O prazer e o orgasmo liberam hormônios responsáveis pela diminuição do estresse e pela melhora do sono
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É possível manter a sexualidade ativa e saudável até a terceira idade
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No sexo, tudo é liberado desde que com total consentimento de todos os envolvidos e segurança
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“Além disso, a falta de estrogênio e também da testosterona podem levar a uma queda da libido e de energia, além de insônia e indisposição, acarretando consequências negativas na vida sexual”, explica.
Mas não é o fim do prazer, Paula acrescenta que a paciente no climatério e menopausa deve procurar ajuda médica o mais rápido possível pois é apenas uma nova fase do corpo feminino que pede cuidado, informação e tratamento individualizado.
Já a endocrinologista Tassiane Alvarenga salienta que a menopausa marca o fim da produção significativa de estrogênio e progesterona pelos ovários — e esses hormônios têm papel direto no desejo, na lubrificação e na resposta sexual feminina.
Com a queda hormonal, é comum surgirem:
- Ressecamento vaginal e dor na relação (dispareunia), por afinamento da mucosa vaginal e menor produção de lubrificante natural;
- Diminuição da libido, já que o estrogênio e a testosterona influenciam o desejo e o prazer;
- Alterações de humor, sono e autoestima, que também interferem indiretamente no interesse sexual;
- Mudanças corporais (como ganho de gordura abdominal e perda de massa muscular) que podem impactar a autoimagem e a confiança;
- Fadiga e queda de energia, que reduzem a disposição física e mental para a intimidade.
“Essas alterações são fisiológicas, mas variam muito entre as mulheres. Nem toda mulher na menopausa perde o desejo sexual — porém, quase todas sentem alguma mudança na forma como o corpo responde”, comenta a endocrinologista.
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O bem-estar sexual é considerado um dos pilares da boa saúde pela OMS
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O uso de camisinhas previne, além de gravidez, diversas doenças sexualmente transmissíveis (DSTs)
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A atividade sexual deve ser prazerosa em todas as etapas da vida
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Cuidar da saúde sexual é importante para o bem-estar mental, psicológico e emocional
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Diariamente, a Pouca Vergonha, coluna de sexo do Metrópoles, traz dicas para melhorar sua vida sexual
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O sexo não deve causar dor
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Pessoas sexualmente ativas devem fazer exames médicos periodicamente para assegurar a saúde
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Brasileiro inicia vida sexual aos 18 anos e tem, em média, 10 parceiros na vida, indica pesquisa conduzida pelo Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FMUSP)
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O sexo é considerado uma atividade física
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A prática traz diversos benefícios. Queima calorias, melhora a autoestima, aumenta a qualidade do sono, diminui o estresse, colabora com a saúde cardiovascular etc
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Como driblar os desafios para melhorar a vida sexual?
O estilo de vida e estar preparada antes desta fase começar fazem toda a diferença, segundo as profissionais. “Mulheres que tem hábitos saudáveis como atividade física regular, uma boa alimentação, vida social ativa, que mantém corpo e mente equilibrados lidam muito melhor com a menopausa”, explica Paula.
“Além disso, com reposição hormonal bem indicada, laser ou radiofrequência vaginal, lubrificantes adequados e, sobretudo, autoconhecimento. O desejo não se aposenta — ele se reinventa com atenção ao corpo e à mente”, emenda a ginecologista.
A endocrinologista Tassiane comenta ainda que existem algumas estratégias para lidar com essa fase, confira:
Cuidados médicos
- Terapia hormonal (quando indicada): reposição de estrogênio para a lubrificação, o desejo e a elasticidade vaginal. Em alguns casos de desejo sexual hipoativo bem documentado, testosterona pode melhorar
- Tratamentos locais: cremes, óvulos vaginais e lasers íntimos ajudam a restaurar o conforto e a saúde vaginal.
- Lubrificantes e hidratantes íntimos: soluções simples e eficazes para diminuir o desconforto.

Cuidado com o corpo e mente
- Atividade física regular melhora a circulação, humor, sono e autoestima.
- Alimentação equilibrada e sono de qualidade contribuem para energia e bem-estar.
- Terapia sexual e psicológica pode ajudar a resgatar a conexão emocional e lidar com crenças limitantes sobre sexualidade nessa fase.
- Acessórios como vibradores e o conhecimento do corpo e das zonas de prazer
- Relações e comunicação
“Além disso, a comunicação com a parceria é essencial sobre as mudanças e buscar novas formas de prazer é essencial”, reforça. “O desejo feminino é muito sensível à intimidade emocional e à segurança relacional.”
“A menopausa não é o fim da vida sexual — é o convite para uma nova forma de prazer, com mais autoconhecimento, cuidado e liberdade”, revela a endócrino.