Omer Shemtov, um jovem israelense de apenas 20 anos, se viu no centro de um pesadelo que duraria 505 dias. Em 7 de outubro de 2023, durante uma festa rave na zona rural de Israel, o ataque coordenado do Hamas sequestrou Omer e 249 outras pessoas, transformando uma celebração de música eletrônica em um cenário de horror. “Ouvimos tiros por todos os lados. Gritávamos e vi pessoas caindo ao chão”, recorda Omer em uma emocionante entrevista em São Paulo.
Naquele momento, mais de 4 mil pessoas se divertiam na festa. As cenas de caos deixaram cerca de 1,2 mil mortos, algumas vítimas também sendo feridas pelos militares israelenses em resposta ao ataque. Omer foi libertado em fevereiro deste ano, após uma longa jornada marcada por sofrimento, fome e tortura psicológica.
A jornada do cativeiro
A fúria do ataque fez Omer e seus amigos tentarem escapar de carro, mas foram cercados. A angústia de ouvir sua amiga ligar para o pai, dizendo que havia sido baleada, ainda ecoa em sua memória. “Eu a ouvi dizer: ‘Vou morrer'”, lamenta.
Durante os 505 dias de calar, Omer suportou condições desumanas dentro de túneis escuros, onde sua liberdade física era severamente restringida. “Me sentia como se estivesse em uma jaula”, recorda. A fome e a sujeira se tornaram companheiras constantes, com apenas um pedaço de pão e água salgada como sustento.
A tortura psicológica, no entanto, foi o que mais o marcou. “Os sequestradores diziam que sua família se esquecerá de você. Esse tipo de mensagem é devastadora”, desabafa.
Preparação para o inesperado
A traição da esperança levou Omer a confrontar a possibilidade de não sobreviver. “Eu aceitava a morte, mas sempre acreditei que deveria voltar para casa”, afirma. Em meio ao sofrimento, ele encontrou conforto em sua espiritualidade, desenvolvendo um hábito inesperado: a oração. “Mesmo na escuridão, sentia uma luz e uma conexão”, compartilha.
Um elo inesperado
Instintivamente, Omer buscou se conectar com seus sequestradores. Em uma interação com um membro do Hamas, descobriram um gosto musical em comum. “Cantava para ele enquanto estava no chão. Essa pequena conexão me ajudou a resistir”, revela.
A camisa da sorte
Curiosamente, Omer vestia uma camisa da Seleção Brasileira durante o sequestro, em homenagem ao ícone do futebol Ronaldo Fenômeno. Para Omer, essa camisa se tornou um símbolo de esperança e alegria: “Adoro as cores, a energia. Levo esse amor pelo Brasil onde vou”, afirma.
A liberdade e suas consequências
Quando finalmente foi libertado, Omer se deparou com uma realidade carregada de emoções. Ao reencontrar seus pais, a felicidade foi avassaladora. “Foi puro alívio”, conta, relembrando o momento em que viu a multidão nas ruas, celebrando seu retorno.
Apesar do alívio da liberdade, as cicatrizes do trauma permanecem. “Não sei se isso algum dia irá embora. É algo que me acompanhará para sempre”, reflete Omer. Ele destaca que ainda existem 50 reféns israelenses em Gaza, e que a dor que eles sentem é inegável.
Omer, agora aos 22 anos, defende a compaixão como única saída. “Precisamos espalhar amor e não ódio. Não importa quem você é ou de onde vem”, conclui.
Crise humanitária
A resposta de Israel ao ataque do Hamas resultou em uma ofensiva devastadora na Faixa de Gaza. Com bombardeios e bloqueios, a ONU estima que 87% da região é zona de conflito, com mais de 60 mil palestinos mortos, em sua maioria cidadãos inocentes.
No meio de tanta dor e incerteza, Omer nos ensina que, mesmo nos momentos mais sombrios, a luz da esperança e a força da compaixão são poderosos aliados. Como você vê a importância da empatia em tempos de crise? Compartilhe suas reflexões nos comentários.