
Na última terça-feira, 5 de agosto, um significativo ato de protesto tomou conta da abertura do iFood Move, um grande evento do aplicativo realizado no São Paulo Expo. Dezenas de entregadores, incluindo motoboys e ciclistas, uniram forças para reivindicar melhorias nas condições de trabalho, destacando a urgência da aprovação do Projeto de Lei 2479/2025, conhecido como “PL do Breque”, que busca regulamentar a atividade da entrega.
O movimento chamou a atenção não apenas pela quantidade de participantes, mas também pela grave questão que levantou: a precarização do trabalho. O PL do Breque propõe um piso salarial de R$ 10 por entrega de até 4 km e R$ 2,50 adicionais para cada quilômetro extra. Atualmente, as taxas em cidades como São Paulo variam entre R$ 7 a R$ 7,50 por entrega, e os entregadores enfrentam uma dura realidade em que as tarifas podem ser ainda mais reduzidas em cidades do interior.
A atmosfera do iFood Move, que contou com a presença de executivos e celebridades como Usain Bolt, pareceu em contraste com as preocupações dos entregadores. Enquanto os ingressos custavam mais de R$ 1.000 por dia e estavam esgotados, os manifestantes argumentavam que o evento simbolizava uma desconexão gritante entre a elite do setor e aqueles que realmente fazem o trabalho acontecer.
A própria estrutura de trabalho também gera uma reflexão crítica. Edgar Francisco da Silva, conhecido como “Gringo”, presidente da Associação dos Motofretistas de Aplicativos e Autônomos do Brasil, expôs a luta diária daqueles que dependem da entrega: “O aplicativo trouxe a promessa de autonomia, mas na verdade se tornou um senhor, ditando regras e sufocando os entregadores”, afirmou. Esse dilema levanta questões sobre a real autonomia e a falta de negociação dos trabalhadores.
A falta de reajustes e a ausência de uma convenção que regulamente a atividade são outros pontos destacados pelos representantes dos entregadores. Eles defendem a necessidade de medidas que garantam uma remuneração justa e que assegurem condições adequadas de trabalho, como a criação de um reajuste anual e uma base mínima de pagamento.
Em um ato simbólico, enquanto o iFood celebrava em seu evento, os entregadores se reuniram para fazer um churrasquinho no estacionamento da São Paulo Expo. Este contraste ilustrou não apenas as divisões sociais, mas também o sentimento de injustiça entre aqueles que servem e aqueles que desfrutam dos frutos do seu trabalho.
Por sua vez, o iFood declarou respeito pelo direito à manifestação, alegando estar comprometido em estabelecer um diálogo construtivo com os trabalhadores para assegurar melhores condições. Entretanto, a pergunta que permanece é: até quando essa conversa será apenas uma promessa diante de um sistema que parece cada vez mais voltado para o lucro em detrimento do trabalhador?
É seu momento! O que você acha das condições enfrentadas pelos entregadores? Compartilhe sua opinião nos comentários e junte-se à reflexão sobre como podemos avançar em direção a mais justiça e dignidade no trabalho.