
Nas últimas semanas, cidades como Rio de Janeiro, Fortaleza, Mato Grosso do Sul e Goiás foram palco de trágicos episódios envolvendo cães da raça pit-bull, culminando em um incidente fatal que chocou a sociedade. Uma criança de três anos perdeu a vida após ser atacada, e os casos subsequentes alimentaram um intenso debate sobre a segurança de manter pit-bulls em casa. Ao mesmo tempo em que alguns veem na raça um perigo, outros ressaltam a importância de compreender o histórico de cada animal.
Conversamos com médicos veterinários que oferecem uma visão clara sobre o tema. Segundo eles, a crescente estigmatização dos pit-bulls é resultado da falta de conhecimento e da negligência por parte de seus tutores. Para Vítor Morato Ximendes, da União Pioneira de Integração Social em Brasília, é fundamental perceber que cada cão é um indivíduo, não apenas um representante de sua raça. “Os pit-bulls têm uma imagem negativa devido ao seu uso em rinhas, mas, na verdade, podem ser muito afetuosos quando criados em um ambiente responsável”, afirma.
Flávio Nunes, veterinário e especialista em comportamento animal, reforça que o perigo que um pit-bull pode representar está mais relacionado à forma como é educado e socializado do que a suas características naturais. Raças conhecidas por sua força, como dobermanns e pastores alemães, podem causar ferimentos graves, mas a agressividade não é uma exclusividade do pit-bull. Surpreendentemente, até mesmo pequenos cães, como os dachshunds, podem ser extremamente temperamentais.
A mídia muitas vezes amplifica essa estigmatização, ignorando o contexto em que um ataque ocorre. “A cobertura sensacionalista frequentemente não considera o histórico de vida do animal ou as condições em que ele foi criado”, observa Flávio. Ambos os veterinários concordam que a socialização adequada desde filhote é crucial, e desmistificam a ideia de que pit-bulls não se dão bem com crianças, desde que a interação seja sempre supervisionada.
Além disso, os veterinários discutem a complexidade dos casos de ataques que envolvem tutores. Eles ressaltam que muitos episódios podem ser atribuídos a falhas na socialização, ambiente inadequado ou problemas de saúde do animal não diagnosticados. “Em muitos casos, sinais de agressividade são ignorados, levando a consequências trágicas”, afirma Flávio.
Quando se trata de ações a serem tomadas em situações de ataque, a calma é essencial. Os especialistas recomendam proteger áreas vitais, como rosto e pescoço, utilizando objetos disponíveis como barreiras. Se a situação se agravar, a posição fetal pode ser a melhor estratégia para se proteger até que ajuda chegue.
Para garantir que um pit-bull seja um companheiro amoroso e seguro, algumas práticas são indispensáveis: socialização precoce, treinamento consistente e enriquecimento ambiental. É fundamental também que tutores aprendam a identificar sinais de estresse ou agressividade e que nunca deixem crianças sozinhas com cães, independentemente da personalidade do animal.
Se você já passou por uma experiência com cães ou tem um pit-bull, compartilhe sua história nos comentários! Sua opinião pode ajudar a desmistificar essa raça e promover uma convivência mais segura e harmoniosa.