A pastora batista Odja Barros, conhecida por seu posicionamento progressista dentro do meio evangélico, revelou em entrevista à Rádio Brasil de Fato que enfrenta resistência tanto nas igrejas quanto nos espaços políticos.
Segundo ela, a forma como líderes religiosos conservadores se projetaram publicamente criou um estigma que afeta todos os evangélicos, especialmente os que pensam diferente.
“Minha postura política me fechou portas dentro da própria tradição de fé da qual venho, e ao mesmo tempo, causa estranhamento em movimentos sociais e partidários que veem com desconfiança quem vem do universo religioso”, declarou.
Para Odja, muitos ainda associam automaticamente pastores a figuras fundamentalistas que utilizam a religião como ferramenta de manipulação ideológica. “Esse preconceito precisa ser superado”, afirmou.
Comentando os números do Censo 2022, divulgados pelo IBGE, a pastora ressaltou que nem todos que vivem a fé cristã se sentem representados pelas categorias tradicionais usadas nos levantamentos.
Odja destaca o crescimento de comunidades autônomas e coletivos que vivem a espiritualidade fora das instituições tradicionais. Movimentos como o negro evangélico e grupos LGBTQIA+ cristãos, segundo ela, são exemplos de uma nova dinâmica de fé que une espiritualidade com justiça social. “Eles têm raízes no evangelho, mas não se reconhecem mais nesse rótulo evangélico institucionalizado”, pontuou.
A pastora também fez críticas contundentes à forma como a extrema direita tem se apropriado da linguagem religiosa para fins políticos. “Hoje, o discurso religioso tem sido instrumentalizado por forças conservadoras como veículo de propaganda ideológica. A religião virou ferramenta de domínio cultural”, denunciou.
Ela reconhece que a mistura entre fé e política não é nova no Brasil, mas aponta que o cenário atual revela uma disputa aberta por hegemonia religiosa no espaço público. “O catolicismo já não é mais o único a ocupar esse lugar, e isso escancarou o quanto o Estado brasileiro nunca foi verdadeiramente laico”, avaliou.
Apesar das críticas, Odja mantém firme sua identidade de pastora evangélica progressista. Ela acredita que é possível viver uma fé cristã comprometida com os direitos humanos e com o respeito à diversidade.
“Eu continuo me afirmando como pastora porque conheço muita gente nas igrejas que tem boa fé, mas que infelizmente está presa a discursos manipuladores e ideologizados”, lamentou.
Por fim, lançou um apelo: “A gente precisa disputar esse campo com ética, sensibilidade e amor. A fé pode — e deve — ser uma aliada na construção de uma sociedade mais justa e humana”, concluiu.
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