O governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) demitiu nessa sexta-feira (10/10) indicados políticos de parlamentares que votaram contra a Medida Provisória (MP) do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) na última quarta-feira (8/10), na Câmara dos Deputados.
Com a aprovação da retirada de pauta, a MP perdeu a validade e as medidas apresentadas no texto deixaram de existir, o que atrapalha o fechamento das contas públicas em 2026. A ação do Palácio do Planalto é vista como retaliação aos integrantes da base que não votaram alinhados ao desejo do governo.
Dentre as exonerações, estão nomes ligados ao PP, do senador Ciro Nogueira, na Caixa Econômica Federal, e do PSD, de Gilberto Kassab, no Ministério da Agricultura. Governistas identificaram articulações dos dois caciques do Centrão para angariar votos contra a MP.
Como mostrou o Metrópoles, Kassab teria prometido 35 votos contrários à MP. Ele tem três ministérios no governo Lula.
O governador de São Paulo Tarcísio de Freitas (Republicanos-SP) também foi acusado de sabotar a votação, além do presidente do União Brasil, Antônio Rueda.
A união de Tarcísio ao movimento dos políticos foi vista como uma tentativa do governador de se firmar como oposição ao presidente Lula. Além disso, União Brasil e PP trabalham por uma candidatura de Tarcísio à frente da Presidência.
Demissões
José Trabulo Júnior, que já havia sido indicado por Ciro Nogueira para outros cargos durante o governo do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), deixou o cargo de consultor da presidência da Caixa.
Houve também mudança na vice-presidência de Sustentabilidade e Cidadania Digital do banco. Paulo Rodrigo de Lemos, indicado por lideranças do PL, deixou o cargo, segundo comunicado da Caixa.
O governo também afastou indicados por deputados federais de quatro superintendências estaduais da pasta da Agricultura. As trocas ocorreram no Paraná e no Maranhão, após toda a bancada do PSD nesses estados votar contra o texto. Situação semelhante aconteceu no Pará e em Minas Gerais, onde as bancadas do PSD se dividiram na votação.
Outra substituição aconteceu na superintendência do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (DNIT) em Roraima. A troca foi feita após a deputada Helena Lima (MDB-RR), apontada como responsável pela indicação, votar contra a MP.
Novas exonerações devem ocorrer nos próximos dias. A Secretaria de Relações Institucionais, comandada pela ministra Gleisi Hoffmann, estaria levantando as indicações feitas por todos os deputados que se posicionaram contra a pauta governista.