Em julho, o cenário econômico brasileiro apresentou uma leve alta na inflação, que subiu 0,26%, um incremento modesto de 0,02 ponto percentual em relação a junho, que registrou 0,24%. Ao longo dos últimos 12 meses, a inflação acumulou uma alta de 5,23%, ainda acima do teto da meta estabelecida, que é de 4,50%. No acumulado do ano, o índice apresenta uma alta de 3,26%.
De acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), responsável pela divulgação dos dados do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), as expectativas do mercado estavam voltadas para uma inflação um pouco mais elevada, com previsões variando entre 0,34% e 0,36%.
Um dos principais motores desse aumento foi a elevação de 3,04% nos preços da energia elétrica residencial. Essa variação se deu em razão da manutenção da bandeira tarifária vermelha no patamar 1, que acrescenta R$ 4,46 na conta de luz a cada 100 kWh consumidos. Esse detalhe foi determinante, contribuindo com 0,12 ponto percentual no índice total.
Nos primeiros sete meses deste ano, a energia elétrica acumulou um expressivo aumento de 10,18%, a maior variação desde 2018. Fernando Gonçalves, gerente da pesquisa do IPCA, observa que “sem a contribuição da energia elétrica, o resultado do IPCA de julho ficaria em 0,15%”.
As altas nas tarifas foram variadas entre as regiões, com destaque para São Paulo, que teve um aumento de 13,97%, seguida por Porto Alegre (14,19%), Curitiba (1,97%) e, em contraste, o Rio de Janeiro, que apresentou uma queda de 2,16%.
Compreendendo o IPCA
- Desde 1979, o IPCA é calculado pelo IBGE e serve como o termômetro oficial da inflação no Brasil, influenciando as decisões sobre a taxa básica de juros, a Selic.
- A variação mensal dos preços de uma cesta de produtos e serviços é o que define a inflação, comparando os dados com o mês anterior.
- O IPCA abrange 90% da população urbana, com a coleta de preços em diversas cidades do Brasil.
- Na sua composição, o índice inclui categorias como transporte, alimentação, habitação, saúde, educação e vestuário.
- O próximo resultado do IPCA referente ao mês de agosto será divulgado em 10 de setembro.
Destaques do IPCA de julho
Em julho, seis grupos de produtos e serviços apresentaram alta. Entretanto, grupos como Alimentação e Bebidas, Vestuário e Comunicação apontaram variações negativas.
Abaixo, os resultados por grupos:
- Alimentação e bebidas: -0,27%;
- Habitação: 0,91%;
- Artigos de residência: 0,09%;
- Vestuário: -0,54%;
- Transportes: 0,35%;
- Saúde e despesas pessoais: 0,45%;
- Despesas pessoais: 0,76%;
- Educação: 0,02%;
- Comunicação: -0,09%.
Impacto da inflação por grupos:
- Alimentação e bebidas: -0,06 ponto percentual;
- Habitação: 0,14 ponto percentual;
- Artigos de residência: 0 ponto percentual;
- Vestuário: -0,03 ponto percentual;
- Transportes: 0,07 ponto percentual;
- Saúde e cuidados pessoais: 0,06 ponto percentual;
- Despesas pessoais: 0,08 ponto percentual;
- Educação: 0 ponto percentual;
- Comunicação: 0 ponto percentual.
Projeções do mercado para a inflação
As previsões do mercado financeiro continuam acima da meta, mas, recentemente, têm se alinhado mais perto das estimativas do Banco Central e do Ministério da Fazenda. O relatório Focus divulga que a expectativa dos analistas para 2023 caiu pela 11ª semana consecutiva, passando de 5,07% para 5,05%.
O Banco Central, encarregado de controlar a inflação por meio da Selic, indicou que há 70% de chances de que a meta inflacionária não seja atingida este ano.
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