No epicentro de uma crise global que se agrava a cada dia, o recente conflito entre Israel e Irã emergiu como um dos mais alarmantes indícios de um mundo em turbulência constante. Essa situação, marcada por instabilidades e tensões, é analisada com profundidade por Filipe Nobre Figueiredo, historiador e criador do influente podcast Xadrez Verbal, que se destaca na discussão de política internacional no Brasil.
Com um panorama sombrio, o conflito em questão, que deixou cerca de 638 mortos e quase 8 mil feridos em apenas 12 dias, não resulta apenas em perdas humanas, mas também na devastação de instalações nucleares iranianas. Em meio a este cenário, Filipe compartilha suas reflexões sobre o quão perto estamos de um conflito global e as repercussões desse embate para o Brasil.
Metrópoles – Quão próximo o mundo está de um conflito generalizado?
Filipe Nobre Figueiredo – Discutir um possível conflito global traz à tona a ideia de uma “terceira guerra mundial”, conceito que tem sido citado pelo presidente da Rússia, Vladimir Putin. Apesar das tensões entre superpotências como os Estados Unidos e a China, que estão se armando para um eventual confronto, a realidade é que não estamos tão próximos de um conflito aberto. Contudo, a noção de “permacrise” — uma crise permanente — nos mostra que, embora não haja um único grande embate, diversos conflitos regionais persistem, como as lutas no Oriente Médio e a guerra civil na Síria, que mantêm o cenário internacional volátil.
Metrópoles – Como o conflito pode afetar o Brasil, do ponto de vista econômico?
Filipe Nobre Figueiredo – O impacto econômico do conflito se faz sentir em dois principais aspectos. Primeiro, mesmo não sendo um grande importador de petróleo iraniano, o Brasil pode ver os preços do petróleo dispararem, afetando diretamente os custos do combustível, o que por sua vez aumenta a inflação e impacta a economia como um todo. Além disso, o Brasil depende de insumos agrícolas e fertilizantes, dos quais o Irã é um importante fornecedor. Isso pode gerar desafios significativos para o setor agropecuário nacional.
Metrópoles – Nos últimos anos, o Brasil vem se aproximando de países que agora estão se alinhando ao Irã. Isto pode ser um risco?
Filipe Nobre Figueiredo – Ser membro fundador do BRICS — que recentemente se expandiu para incluir o Irã — traz ao Brasil uma nova dinâmica nas relações internacionais, mas não devemos entender isso como uma aliança anti-ocidental. O BRICS é mais um fórum de cooperação que um pacto formal. Apesar das tensões entre os membros e as diferenças de interesses, o Brasil não corre o risco de se envolver diretamente em um conflito. Além disso, as embaixadas brasileiras em Teerã e Tel Aviv seguem vagas, indicando que não há uma presença significativa ou intenção de se aprofundar nesse embate.
Essas análises nos alertam para a complexidade do cenário atual. Em tempos de incerteza, como você vê o Brasil lidando com esses desafios? Deixe seu comentário e compartilhe suas opiniões sobre a situação internacional.