No horizonte da América do Sul, uma frota de navios militares americanos se aproxima da costa da Venezuela. A operação, que deve chegar a águas internacionais neste domingo, é uma decisão do presidente Donald Trump e visa oficialmente combater o narcotráfico na região. No entanto, suas motivações e possíveis consequências permanecem como um enigma, acendendo alertas em países latino-americanos.
As relações entre Washington e Caracas estão rompidas desde 2019, quando os EUA reconheceram Juan Guaidó como presidente interino, após a Assembleia Nacional da Venezuela contestar a reeleição de Nicolás Maduro. Desde então, o governo americano impôs sanções contra o regime de Maduro, que, em resposta, caracteriza os EUA como um inimigo implacável.
Recentemente, uma troca de prisioneiros entre os dois países reabriu espaço para esperanças de diálogo. Contudo, a situação rapidamente se deteriorou com a designação do Cartel de los Soles como uma organização terrorista internacional, liderada por Maduro. Trump, segundo o New York Times, ampliou sua postura ameaçadora ao autorizar ações militares contra cartéis na América Latina.
A escalada do conflito é palpável. Em agosto, o Departamento de Estado dobrou a recompensa por informações sobre Maduro de 25 para 50 milhões de dólares, enquanto a procuradora-geral dos EUA o apontava como um dos maiores traficantes mundiais. A porta-voz da Casa Branca reiterou que Maduro não representa a legítima liderança da Venezuela, classificado, em vez disso, como um “cartel narcoterrorista”.
Esse movimento militar é um eco da Doutrina Monroe, que, ao longo da história, justificou intervenções americanas na América Latina. A antiga abordagem de cooperação, promovida durante o governo Obama, parece estar sendo substituída por uma postura mais agressiva, levando a tensões que reverberam por toda a região.
A frota americana, composta por contratorpedeiros, navios de assalto anfíbio e aviões de patrulha, conta com cerca de 4.500 militares, incluindo fuzileiros navais. O adiamento da missão, inicialmente prevista para quarta-feira, foi causado pelas condições climáticas adversas.
Apesar de não ser inédito o uso das forças militares americanas para combater o narcotráfico, como na invasão do Panamá em 1989, as possíveis implicações desta mobilização vão além da simples repressão ao tráfico. Análises sugerem que a chegada da frota poderia acarretar restrições à exportação de petróleo e, em um cenário mais extremo, até um ataque direcionado a líderes venezuelanos, semelhante à eliminação do general Soleimani.
Maduro, por sua vez, refutou as alegações de vínculo com o narcotráfico, considerando a manobra americana uma “ameaça bizarra de um império em declínio”. Para ele, o recente aumento das tropas armadas na Venezuela é uma forma de unir o povo contra uma ameaça externa.
Enquanto isso, a comunidade internacional observa atentamente. O governo do México criticou as manobras dos EUA, afirmando que não permitirá a intervenção militar em seu território, enquanto a Colômbia advertiu que uma invasão colocaria a nação em um vórtice de caos semelhante à Síria. O Brasil, por enquanto, permanece em silêncio, avaliando os desdobramentos.
A situação continua a evoluir e é vital acompanhar os desdobramentos desse embate diplomático e militar. Quais as suas opiniões sobre esta crescente tensão? Compartilhe seus pensamentos nos comentários!