
A recente decisão do Brasil de deixar a Aliança Internacional para a Memória do Holocausto (IHRA) provocou repercussões significativas. Fernando Lottenberg, comissário da Organização dos Estados Americanos (OEA) dedicado ao Monitoramento e Combate ao Antissemitismo, expressou que essa medida é um “equívoco”, especialmente em um momento de tensão nas relações diplomáticas com Israel.
Lottenberg enfatiza que a definição de antissemitismo da IHRA, embora não tenha valor jurídico vinculante, é um recurso vital adotado por mais de 45 países e 2.000 instituições globalmente. Essa definição não só busca informar e identificar, mas também combater práticas antissemitas, um propósito que deveria ser compartilhado e apoiado por países como o Brasil.
A decisão do governo de Luiz Inácio Lula da Silva é apenas mais um capítulo em uma crescente tensão entre Brasil e Israel. Desde a ascensão de Lula, as relações bilaterais se tornaram marcadas por desentendimentos, com Israel acusando o Brasil de ser excessivamente pró-Hamas, enquanto o governo brasileiro critica a atuação israelense na Faixa de Gaza, onde o número de mortos já ultrapassa 50 mil.
O clímax desse conflito ocorreu em fevereiro de 2024, quando Lula comparou as ações israelenses a atos do Holocausto. Essa declaração gerou uma onda de indignação, culminando na sua declaração como persona non grata em Israel. Em retaliação, Lula afastou o embaixador do Brasil em Tel Aviv, gerando um clima ainda mais tenso entre os dois países.
Por outro lado, existem preocupações em Israel sobre a ausência de um embaixador brasileiro, pois o governo ainda não confirmou o candidato proposto, Gali Dagan. A chancelaria israelense criticou o apoio do Brasil a ações judiciais, como a da África do Sul, que envolve acusações de genocídio contra Israel.
Lottenberg adverte que, embora críticas à política israelense sejam válidas, elas não devem impactar o compromisso com a IHRA. Para ele, integrar essa aliança é um sinal de responsabilidade e respeito à rica herança da segunda maior comunidade judaica da América Latina, e um passo essencial na promoção de uma cultura de paz e educação sobre o Holocausto.
Além disso, informações indicam que o Brasil já está se posicionando formalmente contra Israel, ao ingressar em um processo judicial na Corte Internacional de Justiça (CIJ), apresentado pela África do Sul, que acusa Israel de genocídio na Faixa de Gaza.
Estamos testemunhando um momento crítico na diplomacia brasileira, e suas consequências podem ser sentidas em diversas esferas internacionais. O que você acha dessa situação? Compartilhe sua opinião nos comentários!