Há apenas três meses, Rodrigo Paz era um senador boliviano da oposição, desconhecido e rodeado por uma herança familiar controversa. No entanto, em uma reviravolta surpreendente, ele se tornará o primeiro conservador a vencer uma eleição presidencial na Bolívia em 20 anos. Com a vitória no segundo turno da eleição presidencial no último domingo (19/10), Paz superou seu rival conhecido, o ex-presidente Jorge “Tuto” Quiroga, e assumirá o cargo em 8 de novembro. O discurso de celebração de Paz ressaltou seu compromisso em restaurar a presença da Bolívia no cenário internacional.
O novo presidente enfrenta um desafio monumental: herdar uma economia devastada após duas décadas sob o governo do partido Movimento ao Socialismo, liderado por Evo Morales (2006-2019). As exportações de gás natural estagnaram e o modelo econômico estatista se desmoronou. Conscientes da escassez de combustíveis e da inflação, os cidadãos depositaram suas esperanças em Paz, que pretende implementar reformas em um ritmo gradual, diferenciando-se de Quiroga, que defendia medidas de choque fiscal imediatas.
Filho de um ex-presidente, Paz nasceu na Espanha e foi educado em economia e relações internacionais. A trajetória política de seu pai, Jaime Paz Zamora, foi marcada por um pacto com adversários, levando a reformas fiscais que, embora eficazes, geraram insatisfação entre seus antigos apoiadores. Inspirado por esse legado, Rodrigo começou sua própria jornada política em um partido de esquerda, mas se reinventou como um conservador pragmático, modernizando sua cidade natal, Tarija, e recentemente atuando como senador.
A campanha eleitoral de Paz parecia uma montanha-russa. Inicialmente ignorado, ele ganhou destaque após a inesperada seleção do ex-capitão da polícia Edman Lara como seu companheiro de chapa. Lara, um símbolo de luta contra a corrupção, trouxe vitalidade à campanha de Paz, a qual se focou em um discurso populista que prometia benefícios diretos ao povo, conquistando assim o apoio de diversos segmentos da sociedade.
Com uma inflação alarmante de 23% e a escassez crônica de combustíveis, um dos maiores desafios que Paz enfrentará será restaurar a confiança dos cidadãos em um país dividido. Os resultados eleitorais indicam uma clara polarização: enquanto o lado leste, mais rico e conservador, apoiou Quiroga, o oeste, com grande população indígena, é a base de apoio de Paz. A influência persistente de Evo Morales, embora desgastada, continua a ser um elemento a ser considerado na nova administração.
Além disso, Paz sinaliza um desejo de reconciliação nas relações com os Estados Unidos, rompendo com anos de hostilidade. Em sua visita a Washington, ele enfatizou a importância de colaborar em projetos que beneficiem ambos os países. O Secretário de Estado dos EUA elogiou sua vitória como uma oportunidade transformadora, preparando o terreno para novas parcerias.
Com um futuro incerto, a Bolívia observa de perto como Rodrigo Paz navegará por essas águas turbulentas. Sua capacidade de unir o país e implementar as necessárias reformas econômicas será crucial para determinar o sucesso de seu governo. O que você pensa sobre essa nova fase da política boliviana? Compartilhe suas opiniões nos comentários!