9 outubro, 2025
quinta-feira, 9 outubro, 2025

“Rua do Pixo” tem fachada pintada de “cinza PM” no centro de SP

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A pintura da fachada de um condomínio com tinta “cinza PM” na Rua Dom José de Barros, na região central de São Paulo, revoltou pichadores. O prédio fica em um quarteirão entre a Avenida São João e a Rua 24 de Maio que é conhecido como “Rua do Pixo”, onde há quase duas décadas as paredes são marcadas com graffiti (caraterizado pelos desenhos, de forma geral) e todo tipo de inscrição (pichação).

O cinza semelhante ao usado na pintura da base da Polícia Militar (PM) que fica próxima ao condomínio começou a cobrir as inscrições nos últimos dias e, rapidamente, chegou aos perfis de pichadores nas redes sociais. “Rua do Pixo virou Rua das Trevas”, afirmou uma pessoa que postou um vídeo no Instagram e também é uma das mais presentes no local.

Também houve manifestação por parte do artista Negro M.I.A (Massive Ilegal Arts). “A Rua do Pixo está de luto! Apagaram tudo. O que você acha disso?”, questionou. Nos comentários, os seguidores se manifestaram contra a tinta cinza. “Mas, gente, estabeleceram como missão acabar com a história toda dessa rua, né?”, afirmou uma delas. “Essa rua deveria ter sido tombada pelo patrimônio. Cadê o Iphan? O que fizeram é um crime contra a cidade, contra as pessoas e contra a história”, disse outra.

Além do apagamento das pichações, a rua passa por obras da Prefeitura de São Paulo, que pretende mudar o calçamento do local.

O Metrópoles procurou, presencialmente, na terça-feira (7/8), a administração do condomínio que teve a fachada pintada. Depois, tentou contato por telefone e enviou mensagens ao longo dessa quarta (8/10), mas não houve resposta até a publicação da reportagem. O espaço segue aberto para manifestação.

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Rua Dom José de Barros, a “Rua do Pixo”, com fachada de galeria pintada de cinza

William Cardoso/Metrópoles

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Rua Dom José de Barros, antes da pintura

Reprodução/Instagram

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Rua Dom José de Barros, a “Rua do Pixo”, com fachada de galeria pintada de cinza

William Cardoso/Metrópoles

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Rua Dom José de Barros, a “Rua do Pixo”, com fachada de galeria pintada de cinza

William Cardoso/Metrópoles

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Rua Dom José de Barros, antes da pintura

Reprodução/Instagram

Entre os frequentadores da região, a informação é a de que havia um acordo entre os responsáveis pelo prédio e grafiteiros para que o espaço fosse utilizado para a arte urbana ao longo de dois anos. Já teriam se passado três anos e, com o descontentamento de proprietários do imóvel, formado por unidades comerciais e residenciais, optou-se pela pintura com uma cor considerada por eles como “sóbria”.

Opiniões

As opiniões sobre pichação, graffiti ou tinta cinza se dividem entre as pessoas que passam pela região da Dom José de Barros.

Especialista em manutenção de instrumentos musicais, Eduardo Pinto Ferreira, 59 anos, afirmou que seria interessante manter a originalidade do imóvel. “Mas, entre manter a pichação ou pintar de cinza, eu prefiro que pinte de cinza. A pichação é uma guerra de gangues para saber quem picha melhor ou mais alto”, disse, criticando também a situação geral do centro.

O vendedor Lucas Rogério, 33 anos, vê de outra forma. “Sou a favor da pichação, do graffiti, da arte urbana. Está no nosso dia a dia para nós que somos do centro de São Paulo, que respiramos isso, a arte”, afirmou.

Arquiteta e urbanista, Ana Claudia Dias, 32 anos, passava pela rua na última terça e disse que prefere graffiti à parede cinza. “Como profissional, acredito que fachada cinza não combina principalmente com o centro de São Paulo, que é um lugar muito pulsante, ainda mais agora que está sendo revitalizado”, disse. “Pintar uma fachada ativa de um lugar tão central é contra essa essa cultura urbana que o graffiti representa”, afirmou.

A aposentada Nausimar da Silva Borges, 66 anos, defendeu o graffiti contra uma cidade cinza, mas disse não gostar de pichação. “Poderia ser mais colorida. São Paulo já é toda esquisita, uma cidade apagada. O cinza entristece muito, né? Poderia ter graffiti, que é bonito e colorido”, disse. “Pichação, Deus me livre. Até aí, cobrir [a pichação], tudo bem, porque a cidade fica muito emporcalhada”, afirmou.

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