Em meio a intrigas e desdobramentos que envolvem a segurança pública de São Paulo, a figura do empresário Gabriel Cepeda se destaca. Ele, objeto de investigação por supostas ligações com o Primeiro Comando da Capital (PCC), é apontado como o responsável pela construção de um novo centro de treinamento (CT) de artes marciais na sede do Departamento Estadual de Investigações Criminais (Deic). Contudo, essa doação foi feita em segredo, sem qualquer registro no Diário Oficial, contrariando o que a legislação exige.
A inquietante associação de Cepeda com a criminalidade começou a vir à tona após ações da Operação Carbono Oculto, deflagrada pelo Ministério Público de São Paulo, onde ficou claro o uso de sua rede de postos de combustíveis, a Boxter, para lavagem de dinheiro proveniente do PCC. Informações que circulavam nas dependências da Polícia Civil indicavam que Cepeda, além de ser um empresário influente, tinha um papel crucial na construção do CT, conforme revelaram publicações de Matheus Serafim, um influenciador digital e ex-lutador de MMA.
A ligação entre Cepeda e o CT foi acentuada pela agenda que ele manteve com Ronaldo Sayeg, diretor do Deic, onde o empresário supostamente se comprometeu a facilitar a criação do espaço. Em uma publicação apagada após a operação, Serafim agradeceu a Cepeda, enfatizando seu esforço na realização da obra. Essa exclusão gerou especulações sobre a real dimensão de sua contribuição.
“Agradecer meu grande amigo Gabriel Cepeda que ao meu pedido não mediu esforços para construir um dos maiores e mais bem equipados centros de treinamento da Polícia Civil – Deic. Obrigado, irmão, pela parceria de sempre, logo logo, inauguração”, disse o ex-lutador.
A realidade, no entanto, parece ser mais complexa. Após a apuração do Metrópoles, Serafim se distanciou das declarações inflamadas e alegou não ter ligação direta com a construção do centro, afirmando que suas intenções eram meramente promover a imagem de Cepeda. O diretor do Deic também negou que a doação tivesse vindo de Cepeda, revelando que outro empresário havia custeado a construção. A falta de clareza em torno dos financiadores aumentou as dúvidas sobre a transparência nas relações estabelecidas.
A Secretaria da Segurança Pública, por sua vez, não se pronunciou detalhadamente sobre a questão, citando a Lei de Acesso à Informação para omitir a identificação dos doadores. Apesar da construção já estar em uso, a inauguração oficial do CT ainda não ocorreu, levantando mais questionamentos sobre as operações internas do Deic.
Ademais, as ramificações do envolvimento de Cepeda com o PCC trazem à tona um quadro perigoso. Desde a operação Rei do Crime em 2020 até as mais recentes apurações, a relação da família Cepeda com práticas ilícitas não é novidade. A transferência de postos para laranjas que escondem as verdadeiras mãos por trás da operação é uma tentativa evidente de lavagem de dinheiro.
Entender esta rede de interesses e os meandros que cercam Cepeda, Serafim e o Deic é fundamental não apenas para a segurança pública, mas também para a integridade do sistema político e social. Enquanto a investigação avança, fica a expectativa sobre quão profundas são as ligações entre o empresário, a criminalidade e as estruturas de poder.
E você, o que pensa sobre essa conexão entre empresários e segurança pública? Compartilhe suas ideias e vamos discutir juntos sobre esse tema que impacta a todos nós!