14 agosto, 2025
quinta-feira, 14 agosto, 2025

TJSP muda nome de juiz Edward, que usou identidade falsa por 45 anos

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Em um dos casos mais intrigantes da justiça brasileira, o Tribunal de Justiça de São Paulo (TJSP) decidiu, em 25 de junho, por meio de um ato oficial, alterar o nome do juiz aposentado José Eduardo Franco dos Reis, que ficou conhecido por utilizar a identidade falsa de Edward Albert Lancelot Dodd Canterbury Caterham Wickfield durante 45 anos. O impacto dava início a um novo capítulo na história de um homem que construiu uma vida inteira sob um nome fictício.

A decadência de Edward começou com a denúncia do Ministério Público de São Paulo (MPSP) por falsidade ideológica, levaram à suspensão de seus pagamentos pelo TJSP. A partir de abril de 2023, a Justiça instaurou um procedimento administrativo, revelando que a vida de um magistrado pode ser marcada por segredos inimagináveis. Até 2018, José Eduardo foi juiz do Tribunal de Justiça, acumulando uma história impressionante para alguém que era, na verdade, um impostor.

“No título de nomeação do Doutor EDWARD ALBERT LANCELOT DODD-CANTERBURY CATERHAM WICKFIELD, Juiz de Direito aposentado, alterando o nome de Sua Excelência para JOSÉ EDUARDO FRANCO DOS REIS”, traçava a determinação da presidência em seu documento.

O que levou um homem a criar uma nova identidade? O MPSP revelou que José Eduardo não apenas se matriculou na Faculdade de Direito da USP com o nome fictício, mas também passou em um concurso para juiz, afirmando ter raízes nobres britânicas. Em sua defesa, advogados argumentam que ele apresenta características de Transtorno de Personalidade Esquizóide, um traço de sua personalidade que se acentuou após decepções pessoais.

O enigma se aprofundou quando, em uma tentativa de obter uma segunda via de RG, José Eduardo foi descoberto. Durante o processo no Poupatempo, o sistema de identificação o reconheceu por suas impressões digitais, revelando sua verdadeira identidade. A partir desse erro, a Polícia Civil iniciou uma investigação, revelando que ele possuía documentos e contas bancárias em nome de Edward Albert. O verdadeiro nome foi, então, desnudado, e a farsa, desfeita.

No tribunal, José Eduardo insistiu que a escolha de seu nome falso vinha de uma história familiar trágica, sobre um irmão gêmeo que teria sido dado para adoção. Um relato que, embora intrigante, não convenceu os investigadores. Em depoimento, ele alegou que sua nova identidade era uma forma de renascer, um meio de escapar de uma vida insatisfatória.

A escolha do nome não foi casual. Edward Albert Lancelot Dodd Canterbury Caterham Wickfield possui referências literárias profundas, ligadas a obras clássicas de Charles Dickens e Geoffrey Chaucer. Essa conexão literária criou uma personalidade multifacetada, por trás da qual se escondia a realidade de um homem comum tentando se reinventar.

Enquanto a defesa argumenta que José Eduardo não obteve vantagens financeiras com a farsa, o caso levanta questões sobre identidade e a busca de um sentido maior. No final, a história de Edward/ José Eduardo não é apenas sobre fraudes, mas também sobre a complexidade da condição humana.

Agora que você conheceu essa história fascinante e sombria, o que pensa sobre a identidade e como as pessoas podem ser levadas a criar outras para si? Compartilhe sua opinião nos comentários abaixo!

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