21 setembro, 2025
domingo, 21 setembro, 2025

“USP não debate ideias no ritmo do TikTok”, diz diretor sobre ataques

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Nos últimos meses, a Universidade de São Paulo (USP) tem sido palco de polêmicas intensas. O foco está na Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas (FFLCH), onde grupos conservadores têm promovido tumultos durante suas visitas. A situação se agravou em 5 de setembro, quando um estudante foi mordido e um professor agredido, cenários que frequentemente se originam quando essas coletividades tentam gravar vídeos para as redes sociais.

Adrián Pablo Fanjul, diretor da FFLCH, observa que a USP decidiu agir legalmente contra os responsáveis pelas ações. Para ele, esses grupos possuem um modus operandi bem definido, buscando provocar reações para criar conteúdo consumível em plataformas como TikTok. “A universidade não se presta a debates frenéticos e ensurdecedores”, afirma ele.

Fanjul conta que desde 14 de maio, já ocorreram oito incursões do tipo, envolvendo tanto o vereador Lucas Pavanato como outros membros menos conhecidos, mas ligados a gabinetes políticos. A tática varia; alguns provocadores se utilizam de cartazes incendiários, enquanto outros atuam como “inspetores” que desafiam a atividade política no campus.

O paradoxo é que, apesar de pregarem a neutralidade política, essas ações são intrinsicamente políticas. Os manifestantes aparecem portando camisetas de grupos de extrema direita e fazendo exaltações a líderes políticos específicos, como Jair Bolsonaro.

Como resposta, a universidade se organizou. Um comunicado foi enviado aos alunos após os confrontos iniciais, recomendando cuidados e a não aproximação das provocações. A FFLCH também criou orientações para que qualquer pessoa filmada sem consentimento pudesse registrar boletins de ocorrência.

Neste contexto, a Procuradoria Geral da USP resolveu acionar judicialmente indivíduos identificados nas ações. Simultaneamente, uma grande mobilização em defesa da democracia na universidade está programada para o dia 2 de outubro, convidando a comunidade acadêmica e setores sociais a se unirem.

Mas por que a USP e outras universidades públicas atraem esses grupos? Segundo Fanjul, não se trata de um debate de ideias genuíno, mas de escândalos fabricados para criar conteúdo. Ele explica que a universidade, vista por muitos como um espaço elitista financiado por recursos públicos, na verdade, é muito mais diversa. Cerca de 64% dos alunos da USP vêm de famílias com renda abaixo de R$ 7 mil, desafiando a narrativa de que se trata de um reduto de privilegiados.

Além disso, Fanjul acredita que essas ações são impulsionadas por um preconceito arraigado, mas também por uma movimentação jovem que resiste à violência e propaga um entendimento mais crítico do papel da universidade como espaço de produção de conhecimento.

A universidade, um espaço de debate por excelência, enfrenta agora desafios que exigem uma reflexão profunda sobre a liberdade de expressão e a natureza dos debates contemporâneos. Fanjul alerta que não se deve confundir as provocações com um desejo genuíno de diálogo.

O grande ato programado para o dia 2 de outubro ocorrerá no coração da FFLCH, buscando reunir vozes diversas em defesa da democracia. Neste momento crucial, a participação da comunidade é fundamental para reafirmar os valores acadêmicos e democráticos diante das adversidades.

O que pensa sobre essa situação? Qual a sua opinião sobre o papel da universidade frente a tendências polarizadoras? Compartilhe suas ideias nos comentários.

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