Na madrugada de 31 de agosto, a tranquilidade do Paranoá foi quebrada por um incêndio devastador no Instituto Terapêutico Liberte-se, uma clínica de reabilitação para dependentes químicos. O morador Rafael Souza, 38 anos, descreve a cena aterrorizante que presenciou: “Escutei gritos de socorro e o som do fogo estalando, parecia tiros”. Herbert Maciel, um vizinho próximo, também acordou sobressaltado e avistou a fumaça densa saindo do local.
A tragédia ceifou a vida de cinco pessoas, enquanto outras 11 foram socorridas, algumas com sérios ferimentos e sinais de intoxicação. Até o momento, duas vítimas estão internadas, e as circunstâncias que levaram ao fogo permanecem misteriosas, sob investigação da 6ª Delegacia de Polícia do Paranoá.
Entre as vítimas fatais estavam Darley Fernandes de Carvalho, 26 anos, e José Augusto Rosa Neres, 39 anos. Imagens aéreas revelaram a extensão da destruição, com o telhado da residência em grande parte danificado. O Instituto, que operava sem alvará por cinco meses, estava mais focado em reformas do que em atender as regulamentações de segurança necessários.
A clínica, conhecida por abrigar dependentes químicos, possuía 46 internos, dos quais apenas 20 se encontravam na parte afetada pelo incêndio. A falta de uma rota de fuga segura, acentuada por janelas gradeadas, dificultou o salvamento. Um sobrevivente, Daniel Fernandes, recordou momentos de pânico: “Vimos chamas se espalhando enquanto outros gritavam por ajuda”.
Além das terríveis experiências vividas pelos internos, um alerta se tornava evidente. A falta de medidas de segurança na clínica havia sido um tema recorrente. Luís Araújo do Nascimento, de 57 anos, não hesitou em afirmar: “Não foi por falta de aviso, essa tragédia era anunciada”. A clínica operava sem qualquer vistoria do Corpo de Bombeiros, colocando todos em risco.
Douglas Costa de Oliveira Ramos, o proprietário, admitiu ter solicitado um alvará de funcionamento que ainda não havia sido expedido. A situação se agravou quando a única porta de saída estava trancada, algo justificado pelo proprietário como uma precaução contra furtos. Sergio Rodrigo Gomes, um voluntário da clínica, destacou sua luta para destrancar a porta e salvar vidas, mesmo correndo riscos.
Após o incidente, o Instituto Terapêutico Liberte-se enviou um comunicado, expressando seus sentimentos e se colocando à disposição das autoridades para esclarecer os fatos. As investigações em curso prometem revelar a verdade sobre as negligências e as medidas de segurança que falharam obedecer ao básico. Enquanto isso, a comunidade se questiona: como uma tragédia dessa magnitude pôde ocorrer em um local destinado à cura?
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