2 novembro, 2025
domingo, 2 novembro, 2025

Especialistas criticam retórica de governadores sobre combate ao crime

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O Brasil vive um intenso debate sobre como confrontar a violência, onde palavras e ações se entrelaçam de maneira preocupante. Em meio a operações policiais no Rio de Janeiro, governadores, sob a liderança de Cláudio Castro, anunciaram o “Consórcio da Paz”. No entanto, essa iniciativa é recebida com ceticismo, especialmente pelo sociólogo Ignacio Cano: “Deveria ser chamado de Consórcio da Morte, pois é isso que realmente estão propondo.”

A operação que deixou 121 mortos, além de parentes e amigos enlutados, levanta questões sobre a eficácia e a ética dessa abordagem, onde o discurso de paz parece se desviar de sua essência. Cano critica a escolha das palavras, sugerindo que a utilização de termos como “narcoterrorismo” por algumas autoridades enfraquece o debate e pode obscurecer a real situação enfrentada pela sociedade.

Para ele, associar o tráfico de drogas ao terrorismo é uma simplificação perigosa e estratégica que busca justificar uma resposta mais agressiva da polícia. “Quando você define a ameaça como narcoterrorismo, está pedindo por mais poder e orçamento, enquanto evita dar explicações sobre suas ações,” alerta Cano.

Rio de Janeiro (RJ), 29/10/2025 - Dezenas de corpos são trazidos por moradores para a Praça São Lucas, na Penha, zona norte do Rio de Janeiro, após ação policial da Operação Contenção. Foto: Eusébio Gomes/TV Brasil Rio de Janeiro (RJ), 29/10/2025 - Dezenas de corpos são trazidos por moradores para a Praça São Lucas, na Penha, zona norte do Rio de Janeiro, após ação policial da Operação Contenção. Foto: Eusébio Gomes/TV Brasil
Corpos são enfileirados na Praça São Lucas, na Penha, zona norte do Rio de Janeiro, após ação policial da Operação Contenção, na última terça-feira (28). Foto: Eusébio Gomes/TV Brasil

A retórica de “guerra às drogas” não é novidade nas conversas de autoridades; no entanto, o impacto dessa linguagem é profundo. Cientistas políticos e sociólogos argumentam que, ao classificar o tráfico como uma guerra, as autoridades tornam a violência uma norma aceitável e, muitas vezes, direcionada desproporcionalmente a comunidades vulneráveis. Jonas Pacheco, por exemplo, ressalta que “quem é chamado de inimigo nessa guerra são, em grande parte, pessoas das favelas, membros de uma classe marginalizada.”

À medida que a discussão avança, a pressão internacional também exerce seu papel. O alinhamento das palavras entre os governos pode abrir portas para intervenções externas, como observado na pressão dos EUA sobre o Brasil para adotar uma postura mais rígida. Nessas circunstâncias, experts na área de segurança sugerem que a adoção de terminologias como “narcoterrorismo” poderia fragilizar a democracia e aumentar os riscos de interferência internacional.

À medida que avançamos neste debate complexo, fica uma pergunta: como podemos transformar essa narrativa? O que deveria ser um diálogo aberto sobre segurança pública e cidadania se transforma em um discurso rodeado de violência. Ao invocar a ideia de guerra, as autoridades não estão apenas definindo inimigos, mas também potencializando as críticas à sua própria ineficácia.

Participe desta conversa. Quais são suas opiniões sobre a segurança pública e a forma como as autoridades abordam a violência em nosso país? Compartilhe seus pensamentos nos comentários!

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