
No cenário turbulento das relações Brasil-Estados Unidos, as palavras de Luiz Inácio Lula da Silva reverberam com força. Em resposta à decisão americana de impor uma tarifa de 50% sobre produtos brasileiros, o presidente não hesitou em criticar o que chama de medida “abrupta”. Durante a inauguração da Usina Termelétrica GNA II, no Porto do Açu, Lula enfatizou a necessidade de diálogo e negociação como caminho mais civilizado para resolver divergências entre os países.
“Espero que o presidente dos Estados Unidos reflita sobre a importância do Brasil. Divergências existem, mas a solução não é tomar decisões que penalizam o nosso país”, afirmou Lula. O presidente responsabilizou diretamente a liderança de Jair Bolsonaro pela atual crise, mencionando-o de forma velada ao dizer: “isso é coisa do ‘filho do coisa’ e ‘do coisa’”, referindo-se à família Bolsonaro.
A decisão imposta por Donald Trump, segundo Lula, não apenas desrespeita boas práticas comerciais, como também compromete as relações bilaterais. O vice-presidente, Geraldo Alckmin, é o responsável por liderar as negociações, mas até o momento, os avanços têm sido mínimos. Enquanto Alckmin relatava ter mantido uma conversa de 50 minutos com o secretário de Comércio americano, as palavras de Lula foram claras: “Não podemos permitir que a política interfira nas negociações.”
Com o prazo se esgotando, o governo brasileiro não se contenta em aceitar essa imposição. Uma comitiva de oito senadores está em Washington, buscando diálogo com parlamentares e empresários americanos. O ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, está também em Nova York, preparado para se dirigir a Washington a qualquer sinal de abertura do governo Trump. Apesar do anúncio da tarifa, Howard Lutnick, secretário de Comércio, deixou uma porta entreaberta para negociações, afirmando que Trump “está sempre disposto a ouvir”.
Lula reforçou seu desejo de evitar confrontos: “Não temos contencioso com ninguém. A gente não quer briga, a gente quer fazer comércio.” Desde o início de seu terceiro mandato, o Brasil já abriu 398 novos mercados, com a intenção de alcançar 400 em breve. Para Lula, o foco deve ser na cooperação e no crescimento econômico.
Em meio a esse panorama, Lula também abordou a exploração de recursos minerais no Brasil, revelando que apenas 30% do subsolo nacional foi mapeado. Os minerais críticos despertam interesse estrangeiro, especialmente dos EUA, e ele se mostrou decidido em garantir que a exploração desses recursos ocorra sob controle estatal, evitando a venda das áreas sem consentimento do governo.
Por fim, o presidente critica o discurso de certos setores da direita brasileira, que priorizariam os interesses dos Estados Unidos sobre os do próprio Brasil. “Faziam campanha com ‘Brasil acima de tudo’, mas agora é ‘Brasil acima de tudo, mas antes os EUA’. É falta de vergonha, de caráter e de patriotismo,” disparou Lula, reafirmando seu compromisso com a soberania nacional.
A postura de Lula reflete um equilíbrio delicado: firmeza nos interesses nacionais sem fechar as portas para o diálogo. Enquanto seus aliados o veem como irredutível, opositores alegam que suas declarações podem ter exacerbado a situação. Qual a sua opinião sobre essa abordagem? Deixe seu comentário e compartilhe conosco sua visão sobre o futuro das relações Brasil-Estados Unidos.