7 outubro, 2025
terça-feira, 7 outubro, 2025

Esposa do delegado-geral de Alagoas é alvo da PF por fraude no CNU

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Aially Xavier, esposa do delegado-geral da Polícia Civil de Alagoas, Gustavo Xavier, foi um dos alvos de busca e apreensão da Polícia Federal (PF) na operação Última Fase, que apura fraude em concursos públicos, entre eles o Concurso Nacional Unificado (CNU) de 2024.

A residência do casal foi alvo de busca por supostamente Aially Xavier ter sido beneficiada pelo esquema quando prestou o CNU para concorrer ao cargo de auditor fiscal do trabalho.

A candidata no CNU entrou na mira da PF após os investigadores descobrirem que o gabarito dela na prova é idêntico ao de outras pessoas envolvidas no esquema.

A PF, no entanto, não detalha como Aially atuou ou contratou o grupo investigado para fraudar a prova. Ao analisar um aparelho celular que seria dela, a PF diz não ter encontrado informações relacionadas aos fatos.

Ao tratar do caso dela e de outros envolvidos na fraude no CNU, a PF afirma que a prova para auditor “fez parte do bloco temático 4 e se dividiu em dois turnos, manhã e tarde”.

“Em cada um dos turnos existiam três tipos de cadernos de provas/gabaritos diferentes (1, 2 e 3). A prova da manhã, de conhecimentos gerais, que continha 20 questões de múltipla escolha com cinco alternativas cada, e a prova da tarde, de conhecimentos específicos, que continha 50 questões de múltipla escolha com cinco alternativas cada”, diz a PF.

A PF aponta que eram três tipos de provas, cada uma com uma variedade de ordem e questões de respostas. ”Ou seja, são as mesmas questões materialmente falando, havendo uma variação somente quanto à ordem de modo a dificultar uma ação de burla ao sistema competitivo do certame”, afirma a PF.

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A PF então comparou o resultado dos investigados nas provas e concluiu que algumas pessoas suspeitas de participação no esquema tinham “provas com o mesmo gabarito, provas com respostas materialmente idênticas” e erros idênticos.

Em um primeiro momento, a PF chegou a quatro nomes de pessoas que teriam indícios de fraude.

Os investigadores, no entanto, receberam mais informações da Cesgranrio, responsável pela organização da prova. Os dados indicaram, diz a PF, que o gabarito de Aially era idêntico ao de alguns dos inicialmente investigados.

“Além das pessoas citadas na informação inicial, é importante mencionar que, segundo a resposta da Cesgranrio, algumas outras pessoas também apresentaram gabaritos idênticos aos dos investigados, considerando somente o gabarito do turno da tarde”, diz a PF.

Com base na análise do material analisado, a PF conclui que “há indícios fortes que indicam a possibilidade de ter havido fraude no Concurso Nacional Unificado por parte de uma organização que, diante da audácia e ousadia, se mostra altamente organizada e estruturada, tendo supostamente beneficiado pelo menos quatro candidatos”.

“Aially Soares Tavares Pinto Xavier: também identificada na primeira fase com o gabarito idêntico. A análise do material oriundo das quebras de sigilo corroborou a fraude desse grupo”, diz trecho do pedido de busca da PF deferido pela Justiça Federal.

Última Fase

A PF cumpriu na quinta-feira (2/10) mandados para avançar em investigação sobre fraudes em concursos públicos. São cumpridos 12 mandados de busca e apreensão e três pessoas foram presas preventivamente nos seguintes estados: Paraíba, Pernambuco e Alagoas.

São investigadas supostas fraudes no Concurso Público Nacional Unificado (CPNU) de 2024 e em certames das Polícias Civis de Pernambuco e Alagoas, da Universidade Federal da Paraíba, da Caixa Econômica Federal e do Banco do Brasil.

Entre os métodos descobertos pela PF está o uso de um tipo de ponto eletrônico instalado e depois retirado apenas por meio de um procedimento médico.

Defesa

Procurada, Aially respondeu por meio de um assessor que “não há prova ou materialidade nas supostas irregularidades que teriam sido cometidas”.

“É perfeitamente natural que numa prova concorrida como a do Concurso Nacional Unificado haja gabaritos semelhantes, vários, até. Chama a atenção de que a ordem de busca tenha partido de um delegado da Paraíba, sendo que Ayalla reside em Alagoas”, diz a nota.

O delegado-geral Gustavo Xavier foi procurado, mas não respondeu aos contatos da reportagem.

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