Um alarmante estudo realizado pela Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) revelou que pelo menos 11,4 milhões de brasileiros, ou 6,6% da população acima de 14 anos, já experimentaram crack ou cocaína em algum momento da vida. Essa pesquisa, parte do terceiro Levantamento Nacional de Álcool e Drogas (Lenad III), indica um aumento significativo no uso de substâncias ilícitas em comparação aos 4,43% registrados em 2012.
Em 2023, 16.608 pessoas foram entrevistadas em 300 municípios, e os resultados não contemplam pessoas em situação de rua. Entre os usuários, a cocaína se destaca: aproximadamente 9,3 milhões de brasileiros, cerca de 5,38% da população, relatam ter consumido essa substância ao longo da vida. Dentre aqueles que usaram cocaína, quase metade (43,6%) informou uso frequente, definido como consumo diário ou mais de duas vezes por semana, algo que pode elevar o risco de complicações agudas e problemas relacionados ao uso.
O crack, por sua vez, foi mencionado por 1,39% da população, totalizando cerca de 2,32 milhões de usuários. Contudo, apenas 829 mil pessoas relataram uso no último ano. Vale ressaltar que a amostra de indivíduos que se utilizaram do crack nos últimos 12 meses não foi suficiente para estimar com precisão a prevalência de Transtorno por Uso de Substâncias (TUS) associado a essa droga.
O perfil dos usuários mostra que 2,2% da população, ou cerca de 3,8 milhões de pessoas, fez uso das substâncias nos últimos 12 meses, uma leve elevação em relação aos 2% do levantamento anterior. A maioria dos usuários é do sexo masculino, na faixa etária de 25 a 49 anos, com maior incidência entre as populações amarela e indígena. Além disso, as taxas de consumo são mais elevadas entre aqueles com menor escolaridade e renda domiciliar de até dois salários mínimos.
Quanto ao estado civil, os maiores índices foram observados entre as pessoas divorciadas ou separadas. É preocupante que cerca de 43,8% da população perceba o tráfico de drogas como uma frequência em seus bairros, principalmente nas regiões Sudeste e Norte, destacando a realidade nas grandes cidades. Embora a Unifesp afirme que o uso atual de drogas não parece ter se intensificado na última década, destaca a necessidade de cautela ao analisar essas tendências.
As variações observadas entre 2012 e 2023 devem ser encaradas com atenção, pois refletem momentos distintos, sem garantia de que correspondem a um crescimento ou queda contínuos. Contudo, o uso permanece elevado entre grupos vulneráveis, afetados pela desigualdade social e exclusão.
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