Na última quarta-feira, os Estados Unidos anunciaram uma medida impactante: a revogação e restrição de vistos para brasileiros envolvidos no programa Mais Médicos. Este programa, criado em 2013 sob a presidência de Dilma Rousseff, tinha como objetivo levar atendimento médico a comunidades carentes, através de um convênio com a Organização Panamericana de Saúde (Opas).
As autoridades americanas alegam que o Mais Médicos seria um meio de exploração dos profissionais de saúde cubanos, utilizando os serviços desses trabalhadores em um sistema que caracteriza como “trabalho forçado”. O secretário de Estado Marco Rubio destacou o papel de brasileiros como Mozart Júlio Tabosa Sales, do Ministério da Saúde, e Alberto Kleiman, ex-funcionário do governo, que teriam ajudado a facilitar o que ele chamou de “estratagema de Havana”.
Rubio enfatizou que esses indivíduos colaboraram com um regime que, segundo ele, actua fora dos padrões éticos, usando a Opas como intermediária para contornar sanções dos Estados Unidos e explorar cubanos em prol de serviços médicos. De acordo com relatos de médicos cubanos, muitos sentem-se vítimas desse sistema, o que acirrou os ânimos políticos.
Em resposta, o ministro da Saúde brasileiro, Alexandre Padilha, defendeu vigorosamente o programa. Ele afirmou que o Mais Médicos, apesar das pressões externas, é fundamental para salvar vidas e receberá o apoio necessário da população brasileira. Padilha criticou também a postura de líderes americanos que, segundo ele, atacam a ciência e os próprios profissionais de saúde.
Este tema ressurge em meio a um cenário mais amplo de tensões entre Brasil e Estados Unidos, especialmente com o retorno do programa sob a gestão do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que promete priorizar profissionais brasileiros após as mudanças drásticas promovidas durante o governo Bolsonaro.
Além disso, o Departamento de Estado norte-americano implementou restrições também aos funcionários de Cuba, Granada e outros países africanos, pela mesma alegação de envolvimento nas chamadas missões médicas cubanas. A resposta de Cuba veio rapidamente, com o chanceler Bruno Rodríguez denunciando as ações como uma forma de imposição e agressão.
Este desdobramento provoca questões relevantes sobre a assistência médica internacional, ética e soberania. Que impacto você acredita que essa ação terá nas relações entre Brasil e Estados Unidos no futuro?