Na última sexta-feira (22/08), a Casa Branca anunciou uma decisão que poderá redefinir o futuro da indústria de semicondutores. O governo de Donald Trump adquiriu uma participação de 10% na Intel, injetando impressionantes 8,9 bilhões de dólares (cerca de R$ 48,5 bilhões) na gigante dos chips. O secretário de Comércio, Howard Lutnick, destacou que esse “acordo histórico” não só solidifica a liderança americana no setor, mas também pavimenta o caminho para novos horizontes econômicos e tecnológicos.
Esta ação, embora rara, reflete a tendência de intervenção do governo nos mercados que tem marcado o segundo mandato de Trump. A indústria de semicondutores está no centro da rivalidade entre Estados Unidos e China, e este movimento enfoca a necessidade de os EUA garantirem sua liderança nesse campo estratégico. Além disso, empresas como Nvidia e AMD também se comprometeram a repassar 15% de suas receitas de vendas na China ao governo americano, sinalizando como o cenário está se transformando.
A recente venda da siderúrgica US Steel para a Nippon Steel, onde o governo americano obteve uma golden share, e o investimento na única mina de terras raras em operação também exemplificam essa nova abordagem. Geoffrey Gertz, especialista do Centro para uma Nova Segurança Americana, descreve essas intervenções como “incomuns”, observando como a gestão Trump está forçando os limites do que a política industrial pode representar ao fechar acordos pontuais com empresas específicas.
Apesar das críticas, o apoio à estratégia de Trump é tangível, especialmente em relação a setores de importância crucial. Sujai Shivakumar, do Centro de Estudos Estratégicos e Internacionais, defende que a Intel é mais do que uma simples corporação; é um pilar essencial na devolução da competitividade americana na fabricação de chips avançados. Segundo ele, o investimento do governo é necessário para dar à empresa a força que precisa para romper um ciclo de dificuldades.
Entretanto, a Intel enfrenta desafios significativos. Nos últimos anos, a empresa não conseguiu avançar na fabricação de semicondutores para inteligência artificial, perdendo terreno para concorrentes como a Nvidia. Após a valorização de suas ações em mais de 6% após o anúncio do governo, a Intel precisa urgentemente reconquistar sua posição de liderança, especialmente em um contexto onde o governo Biden também busca estimular a produção local com o CHIPS Act.
Embora a intervenção do governo possa ser vista como um impulso necessário, Gertz adverte sobre os riscos de um capitalismo de compadrio, onde algumas empresas, protegidas pelo Estado, podem perder a competitividade. A chave para o sucesso reside em equilibrar as preocupações estratégicas com as forças de mercado, construindo uma política industrial que promova não apenas a proteção, mas também a inovação e a confiança entre consumidores e investidores.
Essa nova era de intervenções governamentais nos negócios chamará a atenção, e será crucial observá-la de perto. O que você pensa sobre essa aposta do governo americano na Intel? Deixe sua opinião nos comentários!