27 outubro, 2025
segunda-feira, 27 outubro, 2025

Ex-assessor revela como funcionava esquema de venda de sentenças em tribunal

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Um ex-assessor do desembargador José James Gomes Pereira, do Tribunal de Justiça do Piauí (TJPI), revelou à Polícia Federal um esquema alarmante de corrupção, envolvendo a compra e venda de sentenças dentro do gabinete. O relato, repleto de detalhes impactantes, veio à tona no decorrer de investigações que visam desmantelar uma organização criminosa suspeita de grilagem de terras, utilizando sentenças fraudulentas para facilitar a ação de empresários e advogados inescrupulosos.

João Gabriel Costa Cardoso, que atuou como assessor entre 2021 e 2023, relatou como a filha do desembargador, Lia Rachel, exercia influência significativa sobre os processos em tramitação. Em seu depoimento, destacou que ela não apenas determinava quais casos deveriam ser priorizados, mas também influenciava os resultados finais, fazendo com que interesses pessoais se entrelaçassem com decisões judiciais.

Num dos trechos mais reveladores, João Gabriel afirmou: “Lia Rachel possuía o poder de determinar quais processos deveriam receber atenção prioritária”. Além disso, ele mencionou um esquema de rachadinha em que era obrigado a repassar uma parte do seu salário para um familiar de Lia, evidenciando a corrupção enraizada no sistema.

“Ele [João Gabriel] afirmou que mantinha reuniões semanais com ela [Lia Rachel], onde recebia diretrizes sobre a movimentação processual”, aponta o relatório da Polícia Federal. “Essas orientações frequentemente definiram quem deveria ser beneficiado em diversas decisões do tribunal.”

O escândalo se aprofunda com a revelação de que Lia Rachel teria recebido R$ 26 milhões por uma sentença benéfica ao produtor rural, João Antônio Franciosi. O empresário, detentor de um império agrícola, teria sido o responsável por pagamentos exorbitantes que há muito transgrediram os limites da legalidade, colocando em xeque toda a integridade do sistema judiciário do estado.

Além dos aspectos financeiros, o relatório da PF indica que a filha do desembargador não só manipulava os processos, mas também ocultava a origem ilícita de seus rendimentos. “Parte do valor recebido por Lia foi ocultada sob o pretexto de transações imobiliárias”, informa a investigação, sublinhando a complexidade e a audácia do esquema.

A trágica realidade do episodio é que essas manobras não se limitam à esfera do gabinete. O ex-assessor também menciona que Jailson, um policial rodoviário federal e sobrinho da esposa do desembargador, estava diretamente envolvido nas atividades ilícitas, assinando processos mesmo fora de sua jornada de trabalho no TJPI. Isso revela o quão entrelaçados estão os laços familiares com práticas corruptas.

“Foi acertado com Jailson que após assumir o cargo de assessor, uma parte do salário dele [João Gabriel] deveria ser enviado para a irmã de Jailson que estava desempregada”, narra o depoimento, evidenciando como a corrupção afetava diretamente a vida das famílias envolvidas.

Este caso é um lembrete inquietante do poder da corrupção e da fragilidade do sistema de justiça, que deveria ser o guardião da moralidade e da ética. Como será que a sociedade reagirá a essas revelações?

Estamos testemunhando um momento crucial. Utilize este espaço para compartilhar suas opiniões ou expor suas percepções sobre o tema. A sua voz pode ser o primeiro passo rumo a uma mudança significativa!

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