Dentro da Associação de Poupança e Empréstimo Poupex, uma ex-funcionária decidiu quebrar o silêncio. Através de um relato contundente, ela trouxe à luz um ambiente de trabalho sufocado por um clima de “caça às bruxas”. Após entrar com um processo alegando assédio moral, a situação que vivenciou revela os desafios enfrentados em busca de dignidade no trabalho.
Em agosto do ano passado, a Poupex selou um acordo com o Ministério Público do Trabalho no Distrito Federal, comprometendo-se a pagar R$ 2,1 milhões em decorrência de denúncias de assédio moral, sexual e discriminação. Esse valor, dividido em 14 parcelas de R$ 150 mil, visa compensar o dano moral coletivo, uma condição imposta pelo Termo de Compromisso de Ajustamento de Conduta do MPT.
Um dos aspectos mais alarmantes do TAC é a proibição do uso de investigações como ferramenta de intimidação. A ex-funcionária, que possui mais de 20 anos de serviço, narra como se tornou alvo de uma perseguição institucional. “Houve um isolamento gradativo. Os que se acercavam de mim passaram a ser questionados”, relatou, evidenciando a cultura de medo que permeava o ambiente corporativo.
O impacto psicológico foi devastador. “Fui afastada dos projetos, perdi conexões e mergulhei em um quadro depressivo”, lembrou. Ela destacou ainda a estrutura hierárquica que remetia a uma cultura militarizada, onde espaços como a mesa do refeitório se tornavam selvas de castas. “Ninguém ousava se sentar onde um ‘oficial’ estava”, declarou, uma observação que ilustra a divisão social imposta dentro da empresa.
Investigações envolvendo a Poupex revelam que essa regulação não se restringe ao assédio, mas também se estende a condições de trabalho desumanas. Funcionários de call center eram monitorados até mesmo em seus momentos mais básicos, como idas ao banheiro, uma prática que ressalta o desrespeito pela dignidade humana. O TAC exige agora um acesso mais humano e livre a esses espaços essenciais.
Além disso, foi estipulada a criação de uma Comissão de Combate ao Assédio Moral e Sexual, que deverá ser composta por pessoas capacitadas e seguir critérios objetivos. Também foi imposta a proibição de dispensas discricionárias que afetem trabalhadores em situações vulneráveis, como gravidez ou doenças. Essa é uma tentativa de proteger os direitos fundamentais dos colaboradores da Poupex.
A Poupex, por sua vez, enfatizou que possui um histórico de enfrentamento ao assédio, destacando ações preventivas e corretivas, como um Código de Conduta atualizado e um Comitê de Ética ativo. Apesar das alegações, a empresa assegura seu compromisso com um ambiente que promova o bem-estar de todos os colaboradores, oferecendo diversas vantagens e um espaço que prioriza a saúde mental e física.
Como a Poupex irá se transformar após esses eventos? O caso da ex-funcionária é um grito por mudança e representa tantos outros que merecem ser ouvidos. Que histórias você tem para compartilhar sobre o ambiente de trabalho? Comente abaixo!