Nesta quinta-feira, 17 de agosto, o Exército francês concluiu sua retirada do Senegal, marcando o fim de uma presença militar que perdurou por 65 anos. A transferência de suas últimas bases e do aeródromo para as autoridades senegalesas simboliza uma mudança significativa nas relações entre a França e suas ex-colônias na África Ocidental e Central, que estão se distanciando de Paris.
A cerimônia ocorreu em Dacar e foi conduzida pelo general Mbaye Cissé, chefe do Estado-Maior das Forças Armadas do Senegal, e pelo general Pascal Ianni, comandante do Exército francês na região. Com a saída de cerca de 350 soldados franceses, a retirada reflete um processo iniciado em março, que culminou nesta entrega simbólica das chaves do “Camp Geille”, a maior instalação militar francesa no país.
Desde sua independência em 1960, o Senegal foi um dos aliados mais leais da França, recebendo tropas ao longo de sua história. Contudo, a ascensão de Bassirou Diomaye Faye à presidência em 2024 trouxe um novo cenário. Durante sua campanha, ele solicitou a retirada das tropas francesas até 2025, reafirmando sua intenção de tratar a França como um aliado em um momento em que diversos países, como Burkina Faso e Mali, romperam laços com Paris e buscaram apoio na Rússia.
Faye também exigiu que a França pedisse desculpas pelas atrocidades cometidas durante o período colonial, incluindo eventos trágicos como o massacre de soldados africanos em 1944, na Segunda Guerra Mundial. Em resposta às crescentes críticas sobre sua presença militar, a França restringiu suas bases no continente, devolvendo a base de Kossei, no Chade, seu último reduto no tumultuado Sahel.
Os recentes golpes de Estado em Burkina Faso, Níger e Mali, que resultaram na ascensão de juntas militares, evidenciam um movimento em direção ao afastamento da influência francesa. Somente Djibuti, no Chifre da África, continuará a abrigar uma base militar permanente da França, com aproximadamente 1.500 militares, que funcionará como o quartel-general militar francês na região.
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