As exportações brasileiras enfrentam um cenário desafiador com o recente tarifaço dos EUA, que poderá provocar, pela primeira vez em 21 meses, uma queda nas vendas externas do Brasil. Os impactos não se limitam a isso: investimentos tendem a recuar e os índices de emprego na indústria nacional também devem sofrer com a medida.
As informações provêm da Sondagem Industrial, divulgada pela Confederação Nacional da Indústria (CNI). O estudo revela que a expectativa de exportações para os próximos seis meses despencou 5,1 pontos, fixando-se em 46,6 pontos, bem abaixo da marca de 50 que sinaliza crescimento.
Isabella Bianchi, analista da CNI, destaca que a deterioração das expectativas é fortemente influenciada pela incerteza do cenário internacional, especialmente pela nova política comercial americana.
Com a combinação de uma produção em alta, o emprego na indústria também se vê comprometido. Em julho, o número de postos de trabalho no setor sofreu uma ligeira queda, apesar do aumento na produção industrial, que registrou 52,6 pontos, acima da linha de 50.
A CNI informa que, após uma redução de dois pontos em agosto, a expectativa de número de empregados diminuiu para 49,3 pontos, indicando que os empresários não preveem crescimento na quantidade de vagas nos próximos meses.
Além disso, os índices referentes à expectativa de demanda e à compra de insumos caíram em agosto, mas ainda permanecem acima do ponto de expansão, o que sugere que o crescimento é esperado, embora em menor intensidade do que antes.
A situação dos investimentos também não é animadora. O índice de intenção de investimento apresentou um recuo de 1,6 ponto, caindo para 54,6 pontos, o menor nível desde outubro de 2023, mas ainda um pouco acima da média histórica de 52,5 pontos.
Por outro lado, a Utilização da Capacidade Instalada (UCI) se mantém estável em 71%, o que é um indicador positivo considerando que está acima dos níveis observados no mesmo período do ano passado.
Os estoques também se mantêm em equilíbrio. O índice que mede a evolução do nível de estoques está em 50,1 pontos, enquanto o estoque efetivo em relação ao planejado permanece em 49,9 pontos, sugerindo que há um ajuste conforme as expectativas dos empresários.
A Sondagem Industrial consultou 1.500 empresas, abrangendo diferentes portes, desde pequenos até grandes negócios, entre os dias 1º e 12 de agosto de 2025. Como você vê esses desafios impostos pelo tarifaço? Compartilhe sua opinião!