18 setembro, 2025
quinta-feira, 18 setembro, 2025

Faria Lima: gestoras resistem a abrir caixa-preta dos fundos à Justiça

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Em um cenário complexo e opaco como o dos fundos de investimentos da Faria Lima, o mistério torno dos beneficiários finais continua a aguardar respostas. Mesmo sob a pressão da Justiça, administradoras têm persistido em não revelar a identidade de seus cotistas, uma informação vital na luta contra fraudes e lavagem de dinheiro que permeiam o mercado financeiro.

Um levantamento detalhado do Metrópoles trouxe à luz 177 fundos que, juntos, acumulam impressionantes R$ 55 bilhões, mas permanecem sem auditoria ou foram considerados inauditáveis. Entre eles, 71 têm como únicos acionistas outros fundos, criando uma estrutura ideal para a blindagem patrimonial.

Esse jogo de camadas e anonimato funciona da seguinte forma: um proprietário se dirige a uma administradora da Faria Lima para criar um fundo onde sua própria empresa é a única investida. Assim, o capital nunca transita pelas contas pessoais do empresário, garantindo que o verdadeiro cotista permaneça oculto. Quando surgem suspeitas de irregularidades, obter acesso às informações sobre esses cotistas se torna uma verdadeira batalha judicial.

Diversas gestoras, como a Planner, estão no epicentro dessa controvérsia. Envolvida em investigações de fraudes, a Planner luta na Justiça para evitar a divulgação de informações sobre um fundo relacionado ao empresário João Appolinário, da rede Polishop, que, desde 2024, se encontra em recuperação judicial.

A Justiça descobriu que outro fundo tinha sido utilizado para proteger os bens de Appolinário e da Polishop. Atas revelaram que, um dia antes do pedido de recuperação, o fundo recebeu cotas de outro que totalizava R$ 64 milhões. Apesar das ordens judiciais, a Planner negou informações sobre a associação de Appolinário ao fundo, até que investigações mais profundas revelaram a verdadeira rede de custódia e ocultação de bens.

Esse emaranhado de interesses e patrimônios complicados culminou em uma decisão judicial que permitiu aos credores acesso aos cotistas. A Planner, temendo as consequências, expressou sua apreensão, alegando que essa abertura seria prejudicial aos investidores do fundo, chamado GAD, que, apesar de listado na bolsa, possui uma estrutura complexa com apenas 21 cotistas.

Recentemente, uma nova decisão judicial possibilitou a suspensão da entrega da lista de cotistas até que se resolva a questão da credibilidade de um dos bancos envolvidos na controvérsia judicial. Enquanto isso, Appolinário, conhecido também como jurado do programa “Shark Tank”, se vê em meio a uma turbulência financeira que afeta diretamente sua empresa e seu legado.

Em sua defesa, a Polishop optou por não comentar detalhes dos processos em andamento. Por outro lado, a Planner reafirmou que todos os fundos sob sua administração possuem informações financeiras auditadas e estão em conformidade com as normativas vigentes, enfatizando seu compromisso com a transparência e a legalidade.

Essa batalha jurídica é apenas um capítulo de uma história maior que envolve interesses bilionários, estruturas complexas e um mercado que ainda guarda muitos segredos. O que você pensa sobre o papel das gestoras nessa trama? Compartilhe suas opiniões e insights nos comentários!

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