
Em um desenrolar surpreendente de eventos, uma denúncia de transfobia, promovida pela deputada Erika Hilton em São Paulo, levou uma ativista brasileira a buscar asilo em uma nação europeia. O conflito teve início em 2020, quando Isabella Alves Cêpa, uma designer gráfica e militante feminista, expressou suas opiniões nas redes sociais sobre a eleição de Hilton como a mulher mais votada na cidade.
Isabella recorda o momento decisivo: “Eu estava em Florianópolis, longe de São Paulo, e vi um post sobre a eleição. Fiquei surpresa ao descobrir que a mulher mais votada era uma travesti. Naquele tempo, as discussões sobre a agressão da Mariana Ferrer ainda fervilhavam na sociedade.” Em uma sequência de stories, sua crítica à atuação do PSol se tornava cada vez mais intensa. “Estava decepcionada com a situação e expressei que não estava satisfeita com os rumos da cidade”, revelou.
As declarações de Isabella rapidamente se tornaram um tema polêmico, especialmente quando foram compartilhadas pela editora de uma renomada revista de moda. Tal repercussão trouxe uma onda de ameaças contra a ativista e sua família, criando um ambiente de temor e insegurança. “Recebi ameaças diretas, algumas até envolvendo minha mãe. Registrei queixa, mas a polícia desconsiderou. Para eles, era apenas uma ‘disputa entre blogueiras’”, lamentou.
O exílio na Europa veio após Isabella deixar o Brasil em 2022, motivada não só pela pressão ligada ao caso de Hilton, mas também por ter denunciado seu ex-marido por violência doméstica. Após uma travessia por diferentes países, ela finalmente encontrou abrigo em uma nação do leste europeu, cuja identidade continua confidencial. O processo de asilo, conduzido pela Agência da União Europeia para o Asilo, foi ágil, levando pouco mais de um mês para ser concluído, com as entrevistas totalizando mais de 20 horas de avaliação.
Enquanto isso, o processo aberto por Erika Hilton seguiu seu próprio rumo legal. Em um primeiro momento, foi arquivado pelo Tribunal de Justiça de São Paulo, mas a tensão aumentou quando o Ministério Público de São Paulo decidiu remeter o caso à Justiça Federal. A investigação, que visava reinterpretar os comentários de Isabella como infrações penais, foi considerada impraticável pelo Ministério Público Federal, que argumentou que isso implicaria na criminalização de diferentes opiniões.
Recentemente, o caso foi desarquivado pelo Supremo Tribunal Federal, relatado pelo ministro Gilmar Mendes, mas continua a aguardar um parecer da Procuradoria-Geral da República. Com as investigações renascendo, Isabella se depara com novos desafios: “Eles tentaram entrar em contato para uma oitiva, mas não obtive nenhuma informação adicional. Continuo sem saber o que realmente está acontecendo”, expressou.
A história de Isabella Cêpa ressalta os desafios enfrentados por aqueles que se atrevem a emitir suas vozes em um cenário polarizado e muitas vezes hostil. Sua busca por asilo é mais do que uma busca por segurança; é uma narrativa sobre os direitos das mulheres e a necessidade de liberdade de expressão. E você, o que pensa sobre este embate entre ativismo e legislação? Deixe sua opinião nos comentários!