12 outubro, 2025
domingo, 12 outubro, 2025

Gel cicatrizante criado pela Unicamp ajudará pacientes com câncer

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Pesquisadores da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), no interior de São Paulo, criaram a partir de uma planta nativa um gel inovador que acelera processos de cicatrização em lesões. O resultado é significativo principalmente para pacientes com câncer.

Desenvolvido ao longo de mais de 20 anos, o estudo multicêntrico é coordenado pela pesquisadora Mary Ann Foglio, professora da Faculdade de Ciências Farmacêuticas (FCF). Em fase de testes, a iniciativa já foi licenciada, mas ainda precisa de investimentos para ser produzida em larga escala e comercializada.

Mary Ann Foglio, pesquisadora da Unicamp que desenvolveu gel cicatrizante - Metrópoles
Mary Ann Foglio, pesquisadora da Unicamp que desenvolveu gel cicatrizante. A docente é britânica, mas cresceu e se formou no Brasil. Graduada em química, a pesquisadora tem doutorado em farmácia, especificamente no desenvolvimento de fitoterápicos e fitofármaco

Gel cicatrizante vem de planta nativa

Com nome científico de Fridericia chica L. e popularmente conhecida como “chica”, a matéria-prima do gel cicatrizante é uma planta encontrada em todo o Brasil. Por meio de extratos padronizados da folha avermelhada, os pesquisadores chegaram ao medicamento promissor.

Anteriormente, os cientistas tinham o conhecimento de que a planta, em forma de chá, é usada de forma caseira. “A gente tinha dados que a gente chama etnofarmacológicos. Com essa informação, já nos deu um gatilho para investigar isso”, explica Mary Ann Foglio.

Pacientes com câncer

Na segunda fase do estudo clínico, os cientistas fizeram testes do gel em casos de câncer. “Pacientes oncológicos que são tratados com radioterapia e quimioterapia acabam com alguns efeitos colaterais e desenvolvendo essas feridas que são extremamente incômodas e são uma porta de entrada para infecções e comprometem muito a qualidade de vida desses indivíduos”, explica Foglio.

É importante encontrar maneiras de cicatrizar essas feridas para melhorar a qualidade de vida dessas pessoas, mas também evitar que cheguem a ter uma infecção, que possa interromper até o tratamento, levando a uma sepse e até à morte.

O tratamento da mucosite oral com o gel desenvolvido na Unicamp leva, em média, de dois a cinco dias. Já o tratamento convencional existente com laser pode durar até 15 dias, e também aumenta o risco de outras complicações de saúde.

“Uma das desvantagens do laser é que, necessariamente, esse indivíduo precisa ir até um profissional qualificado que possa fazer a aplicação, enquanto que o gel você orienta esse paciente e ele pode fazer uso inclusive em casa. Então, facilita muito o dia a dia desses indivíduos”, completa a pesquisadora.

Comercialização

Os pesquisadores têm bem estabelecidos todos os parâmetros necessários para a produção do gel cicatrizante. “A gente sabe quais são os componentes, quais são os marcadores, a melhor época do ano para coletar a planta, os processos para produzir”, detalha Foglio.

Atualmente, um dos grandes desafios para garantir a comercialização é aumentar a escala de produção para trabalhar em laboratórios amplos que atendam às normas da legislação. Assim, será possível viabilizar o registro perante a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).

“Hoje, eu consigo produzir, processar de 5 a 10 quilos de planta. Se eu for colocar isso no mercado, eu preciso viabilizar isso em uma escala industrial. A gente precisa de financiamentos, pessoas interessadas, apoio financeiro para tudo isso”, alerta a idealizadora.

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