Na Bahia, um eco de vozes que clamam por justiça atravessa o tempo. O estado se tornou um dos mais perigosos do Brasil para defensores dos direitos humanos, registrando 10 mortes em apenas dois anos. Com 18% dos homicídios desse tipo no país, a situação é alarmante, revelando a brutalidade enfrentada por aqueles que lutam por direitos fundamentais. O relatório “Na Linha de Frente”, produzido por Justiça Global e Terra de Direitos, lança luz sobre essa triste realidade.
Dentre os 50 casos de violência contra defensores registrados na Bahia, a maioria das vítimas é indígena ou quilombola. Assassinos destroem vidas como as de Nega Pataxó, uma líder espiritual, e Mãe Bernadete, uma ialorixá, ambas brutalmente assassinadas em meio a disputas por terras. Mãe Bernadete, venerada em seu quilombo, foi executada em sua própria casa, deixando um rastro de dor em sua família e comunidade.
A violência não é meramente aleatória; está interligada ao avanço do narcotráfico e a milícias rurais, como o Movimento Invasão Zero, em um cenário que ignora a vulnerabilidade desses territórios. Em palavras de Sandra Carvalho, da Justiça Global, “a atuação criminosa encontra espaço em áreas carentes de regularização fundiária.” Este vácuo legal permite que se perpetuem injustiças e violência.
O árido contexto se agrava com a aprovação do Marco Temporal, que restringe a demarcação de terras indígenas a épocas antes de 1988, ameaçando a sobrevivência cultural e territorial de várias comunidades. A urgência desse cenário levou a Justiça Global a solicitar à Comissão Interamericana de Direitos Humanos e às Nações Unidas uma investigação rigorosa e o desmantelamento de milícias armadas que perpetuam o ciclo de violência.
A brutalidade não para. Nega Pataxó, uma figura central na luta por direitos indígenas, foi morta durante um ataque a sua comunidade por fazendeiros que tentaram recuperar o território tradicional por meio da força. O assassinato dela e o baleamento de seu irmão, Nailton, destacam a perigosa realidade enfrentada por grupos indígenas nas disputas por terras.
Do outro lado da Bahia, Mãe Bernadete foi assassinada em um atentado que impressionou o mundo. Seu ativismo contra a expansão do tráfico de drogas dentro de seu lar quilombola a tornou alvo de um ataque brutal. O que deveria ser um local seguro se transformou em um campo de batalha, varrendo sua vida e sonhos.
A luta por justiça continua, mas o caminho é obscuro. O que será necessário para mudar essa narrativa? Como podemos, juntos, amplificar essas vozes silenciadas e exigir um futuro mais justo? Os direitos humanos não são apenas uma questão de política, mas de dignidade, resistência e esperança. Compartilhe suas opiniões e junte-se a nós nessa luta. A mudança começa com a ação.