Em um momento decisivo para a Colômbia, o presidente Gustavo Petro anunciou, nesta sexta-feira (8), o início de negociações de paz no exterior com o Clã do Golfo, a maior organização narcotraficante do país. Autodenominada Exército Gaitanista da Colômbia, essa facção conta com aproximadamente 7.500 membros, tornando-se um verdadeiro desafio para o governo de Petro, que busca desmantelar grupos criminosos desde o início de seu mandato.
Durante um evento em Córdoba, o presidente declarou: “Iniciamos conversas fora da Colômbia com o autodenominado Exército Gaitanista”, sem entrar em detalhes sobre os termos das discussões. Importante ressaltar que esse anúncio ocorre em um cenário alarmante, marcado pela pior onda de violência desde o acordo de paz de 2016, responsável pelo desarmamento das Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc).
O Clã do Golfo busca, entre outras coisas, ser reconhecido como grupo político, pleiteando um tratamento judicial diferenciado que o aproximaria do que foi concedido a guerrilheiros e paramilitares no passado. Contudo, especialistas, como Gerson Arias, da Fundação Ideias para a Paz (FIP), afirmam que a ligação do grupo com atividades ilícitas e a falta de um projeto político sólido dificultam essa inclusão.
Recentemente, o governo enviou uma proposta ao Congresso oferecendo incentivos a grupos criminosos que concordem em se desarmar, que incluem redução de penas e a proibição de extradição. No entanto, até agora, não houve resultados concretos nas tentativas de desarmamento. “Estamos tentando retirar as finanças desses grupos que alimentam a violência em várias regiões da Colômbia”, explicou o presidente, sublinhando a importância de uma abordagem robusta para lidar com a crise.
A situação se complica ainda mais com a crescente influência do narcotráfico, que controlou 253 mil hectares de cultivos ilícitos em 2023, segundo dados da ONU. As forças armadas intensificam suas operações contra organizações ilegais sob pressão dos Estados Unidos, um parceiro histórico no combate ao tráfico. O presidente americano, recentemente, classificou cartéis da América Latina como “terroristas globais”, um movimento que pode afetar drasticamente a ajuda financeira e militar que a Colômbia recebe.
À medida que o governo de Petro se aproxima de 2026, quando novas eleições estão previstas, as expectativas sobre a eficácia das negociações de paz tornam-se cada vez mais incertas. Especialistas apontam que a atual política de paz parece estagnada, deixando dúvidas se haverá tempo e espaço político para uma mudança significativa. O que será do futuro da Colômbia nesse contexto de incerteza?
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