25 setembro, 2025
quinta-feira, 25 setembro, 2025

Hipotermia: o que acontece no corpo de quem morre de frio?

Compartilhe

O frio extremo é um dos maiores inimigos da sobrevivência humana. Desde expedições polares até as dificuldades enfrentadas por pessoas em situação de rua, os efeitos da exposição prolongada a baixas temperaturas são devastadores. Essa realidade é encapsulada em uma palavra: hipotermia. Este fenômeno ocorre quando a temperatura interna do corpo cai abaixo de 35 °C, comprometendo o delicado equilíbrio que mantém nossos órgãos funcionando adequadamente.

Como se dá o processo da hipotermia? O corpo humano inicia uma luta feroz para reter calor, mas essa batalha não é imediata. Segue uma sequência angustiante de reações fisiológicas: tremores involuntários, confusão mental, perda de consciência e, eventualmente, a falência dos órgãos. Neste artigo, exploraremos cada estágio da hipotermia, os sinais de alerta e o que a ciência revela sobre esse limite extremo da sobrevivência.

Antes de tudo, vamos entender a hipotermia. Essa condição grave é caracterizada pela queda da temperatura central para menos de 35 °C. O corpo humano, idealmente funcionando em torno de 37 °C, depende do hipotálamo, que regula essa temperatura. Exposto a frio intenso, o organismo perde calor mais rapidamente do que consegue produzi-lo.

Essa perda de calor ocorrente se dá por quatro mecanismos:

  • Condução: contato direto com superfícies frias.
  • Convecção: o vento remove a camada de calor que envolve a pele.
  • Radiação: a perda de calor para o ambiente.
  • Evaporação: suor e respiração em baixas temperaturas.

É importante destacar que a hipotermia pode ocorrer em qualquer ambiente, incluindo regiões tropicais, como o Brasil.

A progressão da hipotermia acontece em diferentes estágios. No início, o corpo inicia mecanismos de defesa, como a vasoconstrição periférica, que provoca um resfriamento nas extremidades. Tremores involuntários surgem como uma tentativa de gerar calor, e embora a pessoa esteja ciente de sua condição, já apresenta sinais de desconforto. Nesse estágio, a temperatura corporal está entre 35 °C e 33 °C, e pode ser revertida com intervenções simples de aquecimento.

Conforme avança, a temperatura cai para entre 32 °C e 30 °C, provocando confusão mental e desorientação. A vítima pode entrar num delírio, sentindo uma falsa sensação de calor e removendo as roupas, aumentando a perda térmica. O cenário se torna alarmante, exigindo intervenção médica urgente.

Quando a temperatura interna cai abaixo de 28 °C, o corpo entra em colapso. O coração, já lento, pode entrar em arritmia, os rins falham e o sistema nervoso central praticamente desliga. A vítima deixa de tremular, alcançando um estado semelhante ao coma, até que ocorra a parada cardiorrespiratória.

A experiência de morrer de frio suscita curiosidades. Nos primeiros estágios, a dor é intensa, mas com a queda da temperatura, essa dor transforma-se em entorpecimento e sonolência. Estudos indicam que a morte por hipotermia pode ser menos dolorosa do que se imagina, pois a redução da atividade cerebral e a liberação de endorfinas proporcionam uma sensação de tranquilidade.

Embora geralmente associada ao frio extremo, a hipotermia pode ocorrer em diversos contextos. Alpinistas enfrentam não apenas temperaturas negativas, mas também ventos que aceleram a perda de calor. Em casos de afogamento, o risco se acentua, pois a água retira calor do corpo até 25 vezes mais rápido do que o ar. Além disso, moradores de rua, idosos e crianças são grupos particularmente vulneráveis.

Um fenômeno curioso relacionado à hipotermia é o afterdrop, onde uma vítima aquecida rapidamente pode ter sua temperatura central reduzida ainda mais, devido ao sangue frio das extremidades retornando ao centro do corpo. Isso exige uma abordagem cautelosa ao resgate, priorizando o aquecimento interno.

Surpreendentemente, existem sobreviventes que enfrentaram temperaturas corporais abaixo de 20 °C e foram reanimados. O frio intenso reduz o metabolismo, permitindo que o corpo entre em uma espécie de “hibernação”, funcionando como um mecanismo de proteção. A frase médica “ninguém está morto até estar quente e morto” reflete essa realidade, sublinhando a importância da reanimação quando se lida com hipotermia.

Até mesmo no contexto médico, a hipotermia pode ser uma aliada. A hipotermia terapêutica é utilizada após paradas cardíacas ou cirurgias complexas para diminuir a temperatura corporal e minimizar danos cerebrais. Nesse cenário, o frio que habitualmente ameaça a vida se transforma em um recurso precioso.

Prevenir a hipotermia é crucial e envolve estar atento à vestimenta, proteção contra o vento e umidade, e garantir uma boa alimentação e hidratação. Em áreas urbanas, a vigilância sobre a população vulnerável, especialmente idosos e crianças, é essencial.

É fundamental entender que a hipotermia e o congelamento são condições distintas, embora possam ocorrer em conjunto. A hipotermia refere-se à queda da temperatura corporal central, enquanto o congelamento afeta a pele e tecidos periféricos, podendo levar a complicações severas.

A luta contra a hipotermia é um desafio que revela a fragilidade do corpo humano diante da natureza e a engenhosidade dos mecanismos fisiológicos que tentam preservar a vida até o último instante. Compreender esse fenômeno é vital para promover a prevenção e a solidariedade, especialmente em situações de risco.

Quais suas experiências ou pensamentos sobre a hipotermia? Compartilhe nos comentários!

Você sabia que o Itamaraju Notícias está no Facebook, Instagram, Telegram, TikTok, Twitter e no Whatsapp? Siga-nos por lá.

Veja também

Mais para você