10 outubro, 2025
sexta-feira, 10 outubro, 2025

Inovação com identidade: da cultura à IA que transforma a educação

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Em um cenário global cada vez mais competitivo, inovar se tornou um grande diferencial para empresas. No entanto, inovar não significa apenas adotar novas tecnologias ou seguir tendências internacionais.

Para explorar a amplitude do termo, Ana Cláudia Gomes, vice-presidente da área de Responsabilidade Social da Câmara Brasileira da Indústria e Construção (CBIC); Mayara Regina Munaro, doutora em Engenharia Civil pela Universidade Tecnológica Federal do Paraná (UTFPR); Sissi Alves, diretora do Departamento de Novas Economias (Dnova) da Coordenação-Geral de Evidências em Saúde (CGEvi); e Adriana Ferreira Silva, jornalista e mediadora do encontro, abordaram o tema “Inovação com identidade — como a cultura brasileira influencia produtos, processos e propósito na indústria”.

O painel foi apresentado nesta sexta-feira (10/10) durante o Festival Curicaca, evento de inovação e tecnologia que se encerra neste sábado (11/10).

Para Adriana, o conceito de inovação não pode ser reduzido à tecnologia ou a grandes descobertas científicas. Ela afirma que tudo o que a humanidade construiu até hoje é resultado de inovação — seja na arte, na ciência, na forma de se comunicar ou de viver em sociedade.

Ela destaca que o verdadeiro motor da inovação está enraizado na cultura e na identidade de cada povo.

“Os resultados de qualquer processo inovador refletem o que somos como sociedade. Por isso, é importante pensar em como a identidade cultural brasileira, marcada pela criatividade, diversidade e adaptabilidade, pode se transformar em um diferencial competitivo no cenário global.”

Adriana Ferreira Silva, jornalista

Na mesma linha, Ana Cláudia Gomes reforça que inovar vai muito além do desenvolvimento de tecnologias. Para ela, a inovação está nas pequenas mudanças que tornam o cotidiano mais humano e inclusivo.

“Inovação é olhar para os desafios de todos os dias e buscar novas formas de resolvê-los, de modo que mais pessoas possam se beneficiar”, explicou. Segundo Ana Cláudia, a cultura exerce um papel decisivo nesse processo.

“Ela molda a maneira como pensamos, criamos e resolvemos problemas. É o DNA da nossa população — e é justamente essa mistura de origens, ideias e vivências que torna o brasileiro naturalmente inovador.”

Ana Cláudia Gomes, vice-presidente da área de Responsabilidade Social da CBIC

Ambas apontam que o caminho para uma inovação genuinamente brasileira passa pelo reconhecimento da nossa própria identidade.

Em um mundo globalizado, onde tecnologias se tornam rapidamente acessíveis e replicáveis, o diferencial pode estar no que é singular — na forma como o Brasil combina criatividade, empatia e diversidade para gerar soluções com impacto humano e social.

Para Mayara Regina Munaro, o Brasil reúne condições únicas para impulsionar uma inovação com propósito — especialmente no uso da tecnologia como ferramenta para mitigar impactos ambientais.

“Vivemos em um cenário com um potencial absurdo. Nossa diversidade natural e cultural favorece a produção de conhecimento e a criação de soluções originais.”

Mayara Regina Munaro, doutora em Engenharia Civil

Ela ressalta que ambientes plurais e heterogêneos são fundamentais para estimular ideias inovadoras. “Quando reunimos pessoas com histórias, visões e formações diferentes, ampliamos nossa capacidade de criar. Essa é uma particularidade do nosso povo”, destacou.

Mayara também aponta que as desigualdades sociais, embora representem um desafio, acabam despertando a criatividade e a capacidade de adaptação do brasileiro. “A gente sempre dá um jeito, e isso é uma forma de inovação”, observou.

Para ela, o próximo passo é conectar essas ideias e talentos com o setor produtivo. “Precisamos pensar fora da caixa para criar pontes entre pessoas e empresas, transformando nossa diversidade e resiliência em soluções reais para o país e para o mundo”, ressaltou.

Já Sissi Alves defende que o Brasil precisa desenvolver diagnósticos próprios para orientar as políticas e estratégias de inovação.

“Hoje, grande parte das nossas referências ainda é baseada nas dificuldades e nos contextos de outros países. Precisamos olhar para a nossa realidade e construir um direcionamento que seja realmente nosso.”

Sissi Alves, diretora do Dnova da CGEvi

Segundo ela, compreender as particularidades brasileiras — sociais, econômicas, culturais e ambientais — é essencial para formular soluções eficazes e sustentáveis.

“Sem esse olhar interno, corremos o risco de importar modelos que não funcionam aqui. O Brasil tem desafios únicos e, por isso, precisa de respostas pensadas a partir de sua própria identidade e potencial”, completou.

IA a serviço da educação

Um grupo de estudantes do Instituto Federal de Brasília (IFB) está utilizando inteligência artificial para enfrentar um dos maiores desafios da educação superior: a evasão estudantil.

O projeto, batizado de “Softevasão”, foi desenvolvido por Gabriel Victor e outros quatro colegas, e tem como foco prever e reduzir a saída de alunos do curso de Engenharia de Software — área que apresenta índices alarmantes de evasão, próximos a 60%.

“O sistema foi criado para ler e analisar os dados dos alunos, gerando uma previsão sobre a probabilidade de cada um evadir do curso”, explicou Gabriel. “Com essas informações, o coordenador recebe um relatório detalhado que permite tomar medidas preventivas, como oferecer apoio individualizado ou ajustar aspectos do currículo”.

O projeto utiliza uma inteligência artificial própria, desenvolvida especialmente para essa aplicação. “A IA é essencial para o funcionamento do sistema”, afirmou Gabriel. “Ela identifica características que podem influenciar a evasão, como renda familiar, distância entre a casa e o câmpus, e outros fatores socioeconômicos”.

Gabriel Victor: “Nosso objetivo é oferecer uma solução prática que ajude as instituições a compreender melhor seus estudantes e a agir antes que a evasão aconteça”

Atualmente, o “Softvasão” funciona como uma ferramenta de apoio à gestão acadêmica, permitindo que coordenadores de curso acompanhem indicadores de risco e adotem estratégias de retenção de forma proativa.

A inovação proposta pelos estudantes do IFB mostra como a tecnologia pode ser aliada da educação, contribuindo para a permanência e o sucesso dos alunos.

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