Teerã declara que não está mais sujeito a limitações em seu programa atômico, mas reitera compromisso com a diplomacia em meio a novas sanções de potências europeias
EFE/EPA/ABEDIN TAHERKENAREH
Míssil balístico de médio alcance iraniano posicionado ao lado de uma grande faixa representando o líder supremo iraniano, o aiatolá Ali Khamenei
O Irã afirmou neste sábado (18) que não está mais sujeito a limitações sobre seu programa nuclear após a expiração hoje do acordo nuclear de 2015, embora tenha enfatizado que continua comprometido com a diplomacia. “Todas as disposições do acordo, incluindo as restrições previstas para o programa nuclear iraniano e os mecanismos relacionados, são consideradas encerradas”, indicou o Ministério das Relações Exteriores iraniano em um comunicado.
O acordo nuclear de 2015, assinado entre Irã e as potências mundiais, limitava o programa atômico de Teerã em troca da suspensão das sanções impostas contra o país. O pacto, no entanto, estava moribundo desde que os Estados Unidos o abandonaram em 2018 e impuseram novamente medidas punitivas contra o país persa, ao que a República Islâmica respondeu com a aceleração gradual de seu programa nuclear até chegar a enriquecer urânio a 60%, muito acima do permitido pelo acordo.
O acordo estabelecia 18 de outubro de 2025 como data de expiração, ou seja, dez anos após sua ratificação pela ONU por meio da resolução 2231. No entanto, em 28 de setembro foram restauradas as resoluções anteriores à assinatura do pacto, que proíbem o país de enriquecer urânio e de realizar atividades balísticas, estabelecem um embargo de armas e o congelamento de ativos, e autorizam inspeções de aviões e navios iranianos em águas internacionais, além de impor limitações bancárias e financeiras.
A medida foi impulsionada por França, Alemanha e Reino Unido (E3), por considerarem que Teerã não cumpriu seus compromissos. Mesmo assim, o Ministério das Relações Exteriores iraniano assegurou que continua comprometido com a diplomacia, mas exigiu que o programa nuclear do país seja eliminado dos assuntos pendentes do Conselho de Segurança da ONU.
“O programa nuclear iraniano deve ser tratado da mesma maneira que qualquer programa nuclear de um país membro do Tratado de Não Proliferação (TNP) que não possua armas nucleares”, ressaltou o ministério.
O comunicado denunciou ainda o “abuso” do E3 do mecanismo de restabelecimento automático das sanções da ONU contra Teerã e enfatizou que a ação dos três países europeus “não afeta de modo algum as disposições legais da resolução 2231, incluindo sua data de expiração”.
*Com informações da EFE
Publicado por Nícolas Robert