Turbulência política tomou conta há mais de um ano, a partir da dissolução da Assembleia Nacional por determinação do presidente dos Estados Unidos, o que desencadeou novas eleições; última crise começou com a renúncia de Sébastien Lecornu
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Presidente Emmanuel Macron sofre com crises políticas na França
A crise política detonada na França pela renúncia do primeiro-ministro Sébastien Lecornu se agravou nesta terça-feira (7) com um aumento das críticas ao presidente Emmanuel Macron dentro de seu próprio grupo político. Dois ex-premiês que serviram no gabinete do presidente o criticaram em meio à pressão para que ele convoque novas eleições legislativas ou renuncie ao cargo.
O ex-primeiro-ministro da França, Édouard Philippe, afirmou que o presidente francês deveria convocar eleições presidenciais antecipadas e renunciar após a Assembleia Nacional aprovar o orçamento para 2026. “Não podemos deixar que o que temos vivido nos últimos seis meses se prolongue. Mais 18 meses é considerado tempo demais e isso prejudicaria a França”, disse.
As críticas também foram feitas pelo ex-primeiro-ministro Gabriel Attal, que manifestou seu descontentamento com a decisão de Macron de dissolver a Câmara dos Deputados em junho de 2024 – a raiz da crise atual. “Como muitos franceses, não compreendo mais as decisões do presidente”, disse Attal. Macron, entretanto, já havia dito anteriormente que cumprirá seu segundo e último mandato presidencial até o fim.
A turbulência política tomou conta da França há mais de um ano, a partir da dissolução da Assembleia Nacional por determinação de Macron, o que desencadeou novas eleições. Após o avanço da extrema direita nas eleições para o Parlamento europeu, Macron calculou que a votação lhe beneficiaria diante de um temor do avanço radical. O primeiro turno da eleição, no entanto, teve um resultado contrário e o presidente teve de se aliar à Frente Ampla de esquerda para derrotar a direita radical.
A última crise começou com a renúncia, na segunda-feira (6) do primeiro-ministro Sébastien Lecornu – o quarto primeiro-ministro de Macron desde a dissolução, depois de Attal, Michel Barnier e François Bayrou. Após aceitar a demissão de Lecornu, Macron deu ao seu aliado mais 48 horas para ‘negociações finais’ com a intenção de tentar estabilizar o país antes de decidir seus próximos passos.
O ex-premiê se reuniu nesta terça-feira com autoridades da chamada Socle Commun (Plataforma Comum), uma coalizão de conservadores e centristas que havia fornecido uma base de apoio, embora instável, aos primeiros-ministros de Macron antes de se desintegrar, quando Lecornu nomeou um novo gabinete na noite de domingo (5). O novo governo então entrou em colapso menos de 14 horas depois, quando O conservador Bruno Retailleau retirou seu apoio.
*Com informações do Estadão Conteúdo
Publicado por Sarah Paual