
No cenário judicial de Três Lagoas, o juiz Rodrigo Pedrini, que se destacou ao denunciar irregularidades cometidas por colegas, agora enfrenta um momento inesperado. Afastado de algumas funções em sua Vara pelo Tribunal de Justiça do Mato Grosso do Sul (TJMS), Pedrini se vê no centro de uma investigação conduzida pelo Departamento de Correição Judicial (DCJ). As alegações que sustentam esse afastamento apontam para uma suposta lentidão no atendimento das demandas judiciais.
O juiz, por sua vez, contesta essas acusações e recorre ao Conselho Superior da Magistratura na tentativa de reverter a decisão. Ele é conhecido por ter apresentado duas denúncias significativas: uma contra a liberação irregular de um narcotraficante em 2020, e outra envolvendo a desembargadora Tânia Borges, que foi aposentada compulsoriamente por sua influência na soltura de seu filho. Esse histórico de denúncias levanta questionamentos sobre a verdadeira motivação para seu afastamento.
Desde o dia 26 de maio, mesmo continuando na Vara, Pedrini está impedido de participar de mutirões e de assumir responsabilidades em outras varas. A decisão surgiu após uma série de auditorias e relatos de irregularidades em sua atuação, possivelmente comprometendo a credibilidade do Judiciário diante da sociedade.
Durante uma correição em uma comarca vizinha, a corregedoria recebeu informações alarmantes sobre o trabalho de Pedrini. Relatos indicavam desde problemas na implementação de guias de recolhimento até atrasos significativos em decisões de processos judiciais, um dos quais levou 89 dias para ser analisado. Para a corregedoria, esses indícios justificavam a necessidade de medidas corretivas urgentes.
No entanto, Pedrini não se deixou abalar. No começo de junho, ele contestou as acusações, argumentando que os dados apresentados não refletem a realidade de sua Vara e que ele não recebeu esclarecimentos adequados antes do afastamento. Com a implementação do juiz de garantias em novembro passado, a carga de trabalho aumentou, o que, segundo ele, também contribuiu para os atrasos.
O juiz criticou a abordagem das alegações que fundamentaram sua punição, afirmando que muitas eram baseadas em “ouvir dizer”, removendo assim a objetividade necessária em avaliações de desempenho. Ele fez uma analogia à técnica de “fishing expedition”, que busca indícios de forma indiscriminada, ressaltando a falta de evidências concretas que sustentassem as acusações.
Admitindo falhas pontuais no sistema eletrônico, Pedrini argumentou que a verdadeira causa dos problemas é a sobrecarga de trabalho, com apenas um servidor lidando com cerca de 2.500 processos. Para contornar essa situação, ele sugeriu a elaboração de um plano de ação visando à melhoria da eficiência em sua Vara, além de solicitar um reforço na equipe.
A história de Rodrigo Pedrini é um exemplo de como o sistema judicial pode ser desafiado por aqueles que, ao invés de aceitar passivamente as normas, se dispõem a denunciá-las. Agora, resta saber como essa situação se desenrolará e quais serão os próximos passos do juiz que ousou questionar o status quo. E você, o que pensa sobre essa situação?