12 agosto, 2025
terça-feira, 12 agosto, 2025

Junho Violeta: violência contra idosos é silenciosa, diz especialista

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Em um contexto onde a violência contra idosos se revela silenciosa e frequentemente invisível, o mês de Junho Violeta surge como um momento crucial para aumentar a conscientização sobre essa grave questão. No Brasil, milhares de idosos enfrentam formas de violência como negligência, abandono e abuso financeiro, sendo São Paulo o estado com o maior número de denúncias, totalizando cerca de 19 mil relatos só nos primeiros meses de 2025. Porém, especialistas alertam que essa realidade é marcada pela subnotificação, ocultando a verdadeira extensão do problema.

Marília Berzins, especialista em gerontologia e diretora da Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia de São Paulo, destaca que muitas vítimas não conseguem reconhecer que estão sofrendo abusos, frequentemente perpetrados por membros da própria família. O temor de quebrar laços afetivos e a dependência emocional dificultam ainda mais o rompimento do ciclo de violência. “Essa relação pode ser a única fonte de apoio que o idoso possui, o que torna a situação ainda mais complexa”, analisa a especialista.

As formas de violência contra idosos são numerosas e diversas. Entre elas, destaca-se a negligência, que envolve a falha na prestação de cuidados básicos, e o abandono, uma omissão extrema na responsabilidade familiar. Violências físicas e psicológicas também têm um impacto profundo, prejudicando não só a saúde física do idoso, mas também sua autoestima e dignidade. Além disso, o abuso financeiro se apresenta como uma violação grave, onde os recursos do idoso são explorados de maneira ilegal e criminosa.

Outro aspecto a ser considerado é a construção cultural em torno da velhice, que muitas vezes é vista como um período de declínio e dependência. Sandra Gomes, especialista em gerontologia, ressalta a necessidade de uma reavaliação social, promovendo intervenções que não apenas garantam a proteção dos idosos, mas também fortaleçam sua voz na sociedade. “A resistência em intervir na dinâmica familiar contribui para a perpetuação da violência”, afirma.

Os dados também revelam um aumento contínuo na população idosa, que precisa de cuidados especializados. Apenas em São Paulo, as violações de direitos contra pessoas idosas totalizaram 591 manifestações no último ano, uma preocupação que demanda atenção imediata e políticas públicas eficazes. Os órgãos competentes, como o Disque 100, são fundamentais para o registro de denúncias, mas é essencial que a sociedade também se mobilize para verificar, relatar e agir diante dessas situações.

No contexto da saúde, a especialista Berzins critica a discrepância no tratamento dado a casos de violência. Enquanto crianças recebem atenção rigorosa, a violência contra idosos muitas vezes é banalizada, levando a vítimas a permanecerem em silêncio. “É crucial que os profissionais de saúde se conscientizem da importância da notificação dessas violências”, enfatiza.

Para ajudar a enfrentar essa realidade, o Ministério dos Direitos Humanos e da Cidadania disponibiliza canais de denúncia, como o Disque 100, além de iniciativas na cidade de São Paulo, onde diferentes órgãos trabalham juntos para estimular as denúncias de abusos. A integração e a conscientização são passos fundamentais para garantir que os direitos dos idosos sejam respeitados e protegidos.

Se você ou alguém que você conhece está enfrentando situações de violência contra idosos, não hesite em buscar ajuda. Compartilhe sua experiência ou informações nos comentários e, juntos, vamos trazer mais luz a este tema urgente e necessário.

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