
Você sabia que a Lua guarda um mistério? Existe um lado que nunca conseguimos ver da Terra, o enigmático lado oculto. Este fenômeno ocorre devido à rotação síncrona da Lua, que leva o mesmo tempo para girar em torno do próprio eixo e circundar nosso planeta. Assim, uma face dela permanece eternamente oculta aos nossos olhares curiosos.
A astrofísica Karín Delmestre, da UFRJ, esclarece que essa sincronia não é mera coincidência. Nas fases iniciais do sistema Terra-Lua, a rotação da Lua era mais rápida, mas as forças de maré exercidas pela Terra desaceleraram este movimento ao longo do tempo, levando à estabilidade que observamos hoje. Este lado obscuro, ainda inexplorado, pode esconder segredos que revelam a origem e a evolução da Lua.
“Explorar o lado oculto é como abrir uma janela para o passado do Sistema Solar. Ele guarda uma ‘versão primitiva’ da Lua, muito diferente do lado que vemos daqui”, afirma Karín.
Enquanto o hemisfério lunar visível à Terra é marcado por mares escuros, formados por antigos fluxos de lava e uma crosta mais fina, o lado oculto se distingue por sua pureza e crosta espessa, com poucos mares. Essa disparidade sugere uma história geológica única, fundamental para entendermos melhor a formação do nosso satélite natural.
Recentemente, uma descoberta intrigante foi feita no lado oculto: cientistas detectaram partículas de um raro meteorito, conhecido como condrito carbonáceo do tipo Ivuna, durante a missão Chang’e-6, da Administração Espacial Nacional da China. Este meteorito, composto por até 20% de água, reforça a teoria de que meteoritos antigos poderiam ser responsáveis pela presença de água tanto na Lua quanto na Terra.
“A detecção dessas relíquias de impacto impõe restrições significativas às proporções de materiais meteoríticos no sistema Terra-Lua e suas potenciais contribuições para os estoques de água na superfície lunar”, explicam os pesquisadores.
A formação da Lua é uma narrativa fascinante, resultante de um colossal impacto entre a proto-Terra e um corpo rochoso chamado Theia. Esse evento deixou um legado complexo: enquanto o lado voltado para nós esfriou lentamente, o lado oculto experimentou um resfriamento rápido, resultando em suas características atuais. O estudo deste lado remoto pode oferecer novas pistas sobre a origem da água e dos materiais orgânicos que ocorreram na Terra.
Entretanto, explorar o lado oculto da Lua não é tarefa simples. A comunicação é um desafio, devido à massa lunar, que dificulta a transmissão de sinais de rádio. A falta de uma atmosfera e o terreno acidentado também tornam difícil o pouso controlado e seguro, especialmente em regiões que podem experimentar temperaturas extremas, chegando a -200ºC à noite.
Apesar dos desafios, a recente missão chinesa despertou um crescente interesse internacional por essa área ainda inexplorada. Com muitos segredos aguardando para serem revelados, outras potências espaciais estão se preparando para enviar suas próprias missões, vislumbrando a instalação de radiotelescópios livres das interferências da Terra.
“Até pouco tempo atrás, ele era uma região quase inatingível, mas agora sabemos que ali se encontram registros intactos de impactos antigos. Nos próximos anos, presenciamos uma nova corrida lunar — não apenas para pisar na Lua, mas para entender profundamente sua história e o que ela pode nos ensinar sobre o nosso planeta”, conclui Karín.
O que você pensa sobre as descobertas feitas no lado oculto da Lua? Compartilhe suas opiniões nos comentários e vamos juntos explorar esse fascinante universo!