O que começou como uma ideia de sala de aula no Colégio Estadual Mestre Paulo dos Anjos, em Salvador, atravessou fronteiras e ganhou reconhecimento internacional. As estudantes egressas Ana Beatriz Mascarenhas e Mayara Santana dos Santos conquistaram o 3º lugar na categoria “Química” da Feira Internacional Sulamericana de Ciências & Tecnologias, realizada em Assunção, no Paraguai – um feito que uniu ciência, sustentabilidade e o orgulho baiano em um só pódio.
A conquista foi resultado do Projeto Purify, um filtro ecológico de água criado a partir da casca de coco. A ideia nasceu da realidade vivida no Bairro da Paz, onde as estudantes identificaram a dificuldade de acesso à água potável e decidiram transformar um resíduo abundante em uma solução sustentável. O projeto ganhou força em 2022, dentro do programa Garotas 4.0, que incentiva meninas a explorarem as áreas de Ciência, Tecnologia, Engenharia e Matemática, em parceria com o SENAI-CIMATEC. Desde então, Ana Beatriz e Mayara passaram a produzir carvão ativado, construir protótipos, realizar testes em condições reais e promover ciclos educativos para compartilhar o conhecimento com a comunidade.
O caminho até o Paraguai foi marcado por outras vitórias. O Purify conquistou o 2º lugar na Feira Mineira de Iniciação Científica (FEMIC) e obteve destaque na Feira Nordestina de Iniciação Científica (FENIC), onde as estudantes receberam credenciais para eventos futuros e prêmios em equipamentos. A professora-orientadora do projeto, Marlene Alves Costa Oliveira, ressaltou a alegria com mais uma conquista das estudantes. “Fico orgulhosa e, ao mesmo tempo, lisonjeada com o resultado alcançado, porque a dedicação e o compromisso que tenho com a educação e a motivação que transmito a essas e outras garotas a ganharem voos altos, vencendo obstáculos e atravessando os muros da escola, são gratificantes”.
A experiência abriu portas para novos desafios. O projeto já tem vaga garantida na fase mundial, que será realizada em Guayaquil, no Equador. Para Mayara, a conquista representa muito mais do que um prêmio. “Foi a minha primeira viagem internacional. Foi uma honra para mim representar o meu Estado, a minha cidade, bem como conquistar esse reconhecimento. Agora, quero passar o bastão para outras meninas, para que elas também tenham a oportunidade de viver essa experiência”, contou.
Ainda segundo a estudante, o Purify precisa continuar crescendo e inspirando. “Sua trajetória contou com o apoio do Núcleo de Extensão Comunitária do SENAI-CIMATEC (Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial – Centro Integrado de Manufatura e Tecnologia), que ofereceu estrutura e orientação técnica, através do extensionista João Vitor Oliveira Gomes, que guiou etapas importantes, e o diretor do colégio, Fernando do Nascimento, que incentivou o projeto desde o início, acreditando nosso potencial”, acrescentou.
Mais do que ciência, a história de Ana Beatriz e Mayara é sobre superação, cooperação e protagonismo feminino. O Purify mostrou que uma ideia surgida na escola pública pode atravessar fronteiras, transformar realidades e inspirar outras meninas a acreditarem no próprio potencial.