A diretoria colegiada da Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) deu um passo significativo ao aprovar a inclusão de dois medicamentos essenciais no Rol de Procedimentos em Eventos em Saúde, garantindo que os pacientes com lúpus tenham acesso a eles por meio de seus planos de saúde.
Essa nova diretriz entrará em vigor em 3 de novembro e espera-se beneficiar aproximadamente 2 mil pessoas em todo o país. Os medicamentos, anifrolumabe e belimumabe, são especialmente indicados para o tratamento do lúpus eritematoso sistêmico em adultos que enfrentam episódios recorrentes da doença, mesmo com o uso de terapias convencionais.
Esta é uma conquista histórica, já que é a primeira vez que fármacos direcionados ao lúpus estão sendo incluídos como coberturas obrigatórias. Em 2024, a ANS já havia reconhecido o belimumabe para pacientes com nefrite lúpica, uma complicação renal associada ao lúpus, mas agora a abrangência se expande.
“Essas inclusões são muito significativas, pois o lúpus é uma doença complexa, que não tem cura. Quando temos no país opções de medicamentos que garantem uma boa qualidade de vida, precisamos disponibilizá-las ao consumidor”, afirmou Wadih Damous, diretor-presidente da ANS.
A aprovação foi recebida com entusiasmo pela Sociedade Brasileira de Reumatologia (SBR), que se envolveu ativamente em consultas públicas e reuniões para a inclusão desses medicamentos. Odrilei Andre Monticielo, coordenador da comissão científica de LES da SBR, enfatiza: “Esses medicamentos têm evidências científicas que demonstram benefícios significativos no tratamento, proporcionando um controle melhor da doença e reduzindo a necessidade do uso de glicocorticoides.”
A próxima meta é garantir que esses tratamentos estejam disponíveis também no Sistema Único de Saúde (SUS). “É vital abrir um diálogo com o Ministério da Saúde para garantir o acesso a pacientes que dependem do SUS”, destacou Monticielo.
“Conseguimos garantir acesso para pacientes de convênios, mas ainda precisamos garantir o mesmo direito aos que dependem exclusivamente do SUS, o que gera desigualdade”, ressaltou.
José Eduardo Martinez, presidente da SBR, comemorou a conquista com um olhar esperançoso: “Essa é uma vitória. Por muito tempo, os medicamentos disponíveis para lúpus eram limitados e antigos.”
O lúpus é uma doença autoimune crônica que provoca inflamações e pode danificar tecidos e órgãos. Afeta predominantemente mulheres jovens, entre 20 e 45 anos, e se manifesta de formas variadas, incluindo dores articulares, erupções cutâneas e comprometimento renal.
Regiane Araújo Pacheco, de 40 anos e moradora de Salvador, conhece bem a luta diária com essa condição. Desde jovem, sentia dores sem entender a origem, até ser diagnosticada com lúpus anos depois. “O tratamento com belimumabe foi um divisor de águas”, relata, enfatizando a importância da nova decisão da ANS para muitos que, como ela, enfrentam os desafios do lúpus.
Com a estimativa de que entre 150 mil e 300 mil brasileiros vivam com lúpus eritematoso sistêmico, a inclusão de novos medicamentos oferece esperança a milhares de pacientes. A pergunta que fica é: como você vê essa mudança na abordagem do tratamento? Compartilhe suas opiniões e experiências nos comentários!