5 setembro, 2025
sexta-feira, 5 setembro, 2025

Assistência ao parto avança no Brasil, mas pré-natal ainda preocupa

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Dados apresentados em uma abrangente pesquisa sobre parto e nascimento no Brasil revelam uma transformação positiva nas práticas hospitalares. Em um período de dez anos, a taxa de episiotomia — um corte realizado para facilitar a passagem do bebê durante o parto — caiu dramaticamente de 47% para 7% nos partos vaginais realizados pelo Sistema Único de Saúde (SUS). Uma diminuição equivalente ocorreu na utilização da manobra de Kristeller, um procedimento considerado agressivo, que reduziu de 36% para 9% nos atendimentos hospitalares.

No sistema privado, a situação é ainda mais encorajadora: apenas 2% das mulheres que tiveram parto vaginal relataram ter sido submetidas a essa manobra, que é vista como uma forma de violência obstétrica. Esses dados fazem parte da Pesquisa Nascer no Brasil 2, realizada pela Fiocruz, que coletou informações de mais de 22 mil mulheres entre 2021 e 2023. No último dia 4 de outubro, os pesquisadores divulgaram dados específicos do estado do Rio de Janeiro, que também permitiram comparações em nível nacional.

Os resultados mostram um aumento no número de mulheres que puderam se alimentar e movimentar durante o trabalho de parto, além de uma preferência quase universal por posições verticais, que favorecem a saída do bebê.

“Estamos testemunhando uma adesão significativa às boas práticas e uma rejeição a intervenções desnecessárias. O antigo método de parto em litotomia, onde a mulher fica com as pernas para cima e sem poder fazer força, está se tornando coisa do passado. Essa mudança é um reflexo de políticas públicas eficazes e uma evolução cultural na atenção ao parto,” afirmou Maria do Carmo Leal, coordenadora-geral da pesquisa.

Por outro lado, a porcentagem de mulheres que receberam analgesia para alívio da dor durante o trabalho de parto caiu de 7% para 2% no SUS ao longo do Brasil, e apenas 1% no Rio de Janeiro. Em contraste, o setor privado passou de 42% para 33%. “As mulheres que usaram analgesia tiveram quase seis vezes mais chances de ter um parto vaginal no estado do Rio,” acrescentou Maria do Carmo.

Embora os avanços sejam notáveis, a luta contra a cesariana ainda é um desafio. A taxa de cesarianas no SUS aumentou de 43% para 48%, segundo a primeira edição do levantamento publicado em 2014. A coordenadora explicou que a maior parte desse aumento refere-se às cesarianas realizadas após o início do trabalho de parto, que totalizaram 13% em todo o país. O percentual de partos vaginais no SUS permanece em 52% no Brasil e 50% no estado.

No setor privado, no entanto, a taxa de cesarianas é alarmante, chegando a 81% no país e 86% no Rio de Janeiro, com apenas 9% e 7% sendo realizadas após o início do trabalho de parto. Apesar de tudo, houve um ligeiro crescimento nos partos vaginais no Brasil, aumentando de 12% para 19%. A OMS recomenda que as cesarianas sejam realizadas apenas em casos necessários, com um limite de 15% no país.

Infelizmente, as notícias sobre o pré-natal não são tão otimistas. A pesquisa aponta que, apesar de 98,5% das mulheres no Rio de Janeiro terem recebido acompanhamento, apenas um terço apresentava registros completos de aferição de pressão arterial e exames de glicemia, que são cruciais para detectar complicações na gestação. A prescrição de ácido fólico ocorreu em menos de 34% dos casos, e apenas 31,6% foram vacinadas contra tétano e hepatite B, imunizações essenciais durante a gestação.

“Setenta e cinco por cento das mulheres de alto risco nunca consultaram um especialista. Isso precisa mudar. Muitas não tiveram sua pressão arterial medida, e a falta de exames de glicemia é alarmante. Essas mulheres enfrentaram muitas dificuldades para serem admitidas para o parto, pois deveriam ter recebido cuidado especializado,” destaca Maria do Carmo.

Diante desses dados, é crucial refletir sobre o futuro do cuidado à saúde materno no Brasil. Você concorda com esses resultados? Que mudanças você gostaria de ver na assistência ao parto e no pré-natal? Compartilhe sua opinião nos comentários!

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