Desde sua chegada ao Brasil há mais de dez anos, o vírus da chikungunya continua a gerar inquietação e debate entre especialistas e a população. A reumatologista Viviane Machicado Cavalcante, presidente da Sociedade Baiana de Reumatologia, destacou, durante uma recente conferência no Congresso Nacional de Reumatologia em Salvador, que o combate ao vetor da doença, o mosquito Aedes aegypti, é um dos principais desafios que o país enfrenta.
A situação é alarmante, com surtos localizados sendo detectados em diversos países das Américas. A Organização Pan-Americana da Saúde (Opas) alertou sobre a concentração de casos na América do Sul, especialmente no Brasil, Bolívia e Paraguai. Até o início de agosto de 2025, 14 países da região relataram 212.029 casos suspeitos de chikungunya, resultando em 110 mortes, a maior parte ocorrendo na América do Sul.
“Os surtos de chikungunya e a presença de outros arbovírus aumentam o risco de complicações graves e mortes, particularmente entre grupos vulneráveis”, afirmou a Opas.
No Brasil, os números são igualmente preocupantes. Em 2025, já foram registrados 121.803 casos da doença, com 113 mortes até setembro. O Nordeste se revelou o epicentro da chikungunya, onde os primeiros casos foram identificados. O vírus se espalhou por todo o território nacional, levando a sete ondas epidêmicas nos últimos dez anos, com Minas Gerais e Mato Grosso do Sul sendo os estados mais afetados recentemente.
“O controle do vetor é dificultado por problemas de saneamento básico e pela falta de infraestrutura para atender os pacientes”, explicou a doutora Viviane.
Em busca de uma solução, o Instituto Butantan anunciou uma vacina, desenvolvida em parceria com a Valneva, que contém uma versão atenuada do vírus. A Anvisa já autorizou sua aplicação para maiores de 18 anos, mas a recente suspensão da licença pelo FDA dos EUA, devido a relatos de efeitos adversos graves, poderá influenciar a decisão da Anvisa sobre a vacina.
“Essa suspensão pode levar a Anvisa a reavaliar sua posição, já que a segurança dos pacientes é primordial”, alertou Viviane.
A chikungunya é uma doença viral que causa uma série de sintomas, como febre alta e dores intensas nas articulações. Em casos graves, a dor pode se tornar crônica, afetando a qualidade de vida a longo prazo. A prevenção se concentra na eliminação de criadouros de mosquitos, como água parada em pneus e vasos de plantas, para frear a propagação da doença.
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