9 setembro, 2025
terça-feira, 9 setembro, 2025

Combate à gripe aviária depende de articulação e abordagem integral

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A Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO) se prepara para revelar, em um evento em Foz do Iguaçu, Paraná, a nova Estratégia Global 2024–2033 para a prevenção e controle da Influenza Aviária de Alta Patogenicidade (IAAP). Desde 2020, a gripe aviária tem mostrado um aumento alarmante, com quase 17 mil surtos ao redor do mundo, resultando na morte de milhões de aves. Na América Latina, a situação se agravou significativamente a partir de 2022, com cerca de 2,5 mil surtos registrados.

Esse vírus altamente contagioso e letal entre as aves exige medidas rigorosas, como o abate de animais suspeitos, elevando os custos para a produção de alimentos. Além disso, a influenza aviária não afeta apenas as aves; embora os casos em humanos sejam raros, a possibilidade de uma mutação que permita a transmissão entre pessoas representa uma séria ameaça.

Em conversa com o oficial regional de Saúde e Produção Animal da FAO, Andrés González, foram destacados os principais aspectos da nova estratégia. A busca é por um enfrentamento colaborativo do problema, integrando saúde veterinária, saúde pública e meio ambiente em uma abordagem conhecida como “uma só saúde”.

A nova estratégia enfoca a importância do diagnóstico laboratorial, a colaboração entre diferentes setores e boas práticas de biossegurança. González enfatizou que a FAO, em parceria com a Organização Mundial da Saúde, não impõe vacinas, mas sugere diretrizes para otimizar os benefícios da vacinação, quando necessária. A capacitação de profissionais e um trabalho conjunto entre setores público, privado e acadêmico são essenciais para desenvolver conhecimento que beneficie toda a cadeia de produção e consumo.

A desigualdade entre países em relação à capacidade de vigilância e biossegurança foi ressaltada por González. Essa disparidade é evidente entre países que exportam e aqueles que não. A FAO propõe um fortalecimento do trabalho regional, com redes como a Resudia, que une esforços de países sul-americanos para melhor vigilância e diagnóstico. Assim, nações com menos recursos podem se beneficiar das experiências de países como Brasil, Uruguai e Chile, que possuem infraestrutura mais robusta.

O Brasil, atualmente, exerce um papel de liderança na região, coordenando esforços de saúde animal e promovendo colaboração entre os países. Desde 2021, o país preside o Comitê Veterinário Permanente do Cone Sul, abordando emergências sanitárias prioritárias, incluindo a gripe aviária. A transparência e a comunicação rápida entre os países é vital para o controle da doença.

Embora o Brasil tenha conseguido conter surtos antes de recorrer à vacinação, há uma necessidade crescente de avaliação criteriosa a respeito da utilização de vacinas. Os especialistas alertam que essa decisão deve levar em consideração fatores como a capacidade de vigilância e a diversidade das populações de aves.

A discussão sobre a possibilidade de a influenza aviária se tornar endêmica na América Latina é complexa. Embora o aumento de casos nas aves silvestres e domésticas indique uma presença forte do vírus, não há evidências suficientes para afirmar que a doença chegou para ficar. O conceito de endemismo requer comprovação de dois elementos: a magnitude dos casos e a permanência do vírus no território.

Ao abordar os riscos para a saúde humana, González reforça que o consumo de carne de frango e ovos, quando devidamente preparados, não representa um perigo. A transmissão do vírus para humanos ocorre apenas por contato direto com aves infectadas, o que ressalta a importância de boas práticas de biossegurança na interação com as aves. Com a possibilidade de adaptação do vírus a mamíferos, a vigilância contínua se torna ainda mais relevante.

Por fim, a FAO destaca a necessidade de uma visão holística da saúde, considerando os impactos potenciais na biodiversidade e na segurança alimentar. Esse enfoque integrado é essencial para enfrentar desafios complexos como a gripe aviária e garantir a saúde de nossas populações e ecossistemas. Como você vê essa situação e o papel das autoridades? Compartilhe suas opiniões nos comentários!

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