A cada 10 minutos, um novo caso de autoagressão envolvendo adolescentes de 10 a 19 anos é registrado no Brasil. Essa estatística alarmante, divulgada pela Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP), nos convoca a uma reflexão profunda. A SBP ressalta a importância de escutar e acolher esses jovens, além de ficar atento a sinais de alerta, como tristeza persistente e envolvimento em situações de risco.
O levantamento, que utilizou o Sistema de Informação de Agravos de Notificação (Sinan), revela que, nos últimos dois anos, a média diária de atendimentos chegou a 137, incluindo casos de violência autoprovocada e tentativas de suicídio. O “Setembro Amarelo”, mês dedicado à prevenção do suicídio, destaca ainda mais essa questão.
Contudo, é vital notar que esses números podem não refletir a totalidade dos casos, dada a possibilidade de subnotificação. A SBP indica que muitos atendimentos em ambientes como escolas e clínicas particulares podem não ser reportados. “A realidade pode ser ainda mais preocupante do que os números oficiais indicam”, alerta a entidade.
Para confrontar essa crise, a comunidade médica apela para que pais, responsáveis e educadores valorizem o diálogo e o acolhimento dos adolescentes. Além disso, o acompanhamento com um pediatra é crucial, pois é durante essas consultas que profissionais podem detectar sinais de alerta e orientar tanto os jovens quanto suas famílias.
Aqueles que se sentem em sofrimento, ou conhecem alguém que está, devem buscar apoio em sua rede de confiança — amigos, familiares e educadores. O Ministério da Saúde enfatiza a importância de não hesitar em pedir ajuda e compartilhar suas preocupações.
As opções de atendimento incluem:
- Centros de Atenção Psicossocial (Caps) e Unidades Básicas de Saúde;
- UPA 24H, SAMU 192, Pronto Socorro e hospitais;
- Centro de Valorização da Vida – 188.
O CVV oferece apoio emocional, atuando 24 horas, sob total sigilo, por telefone, e-mail, chat e voip.
Em termos regionais, quase metade das notificações de autoagressão vem do Sudeste, concentrando 46.918 casos, com São Paulo liderando com 24.937 registros. O Nordeste e o Sul também apresentam números alarmantes, refletindo a necessidade de agir em conjunto para reverter essa situação.
Entre 2023 e 2024, 3,8 mil adolescentes foram hospitalizados devido a violência autoprovocada, sublinhando a seriedade desse problema. É igualmente desolador saber que cerca de 1 mil jovens de 10 a 19 anos perdem a vida por suicídio anualmente no Brasil.
A SBP destaca sinais de alerta que não devem ser ignorados:
- Tristeza ou insatisfação persistente;
- Abandono de atividades prazerosas;
- Autolesões;
- Envolvimento em situações de risco;
- Ausência de expectativas para o futuro.
A adolescência é um período de mudanças intensas e vulnerabilidades emocionais. Fatores como acesso facilitado a meios letais e o estigma em torno da saúde mental podem agravar essa situação. É fundamental que todos nós façamos nossa parte: escutemos e apoiemos os jovens que nos cercam.
O que você pensa sobre essa realidade? Compartilhe suas reflexões e vamos juntos buscar soluções para esse desafio tão urgente.